Às vezes eu não me importava nada que fosse assim:
-Bom dia, senhora baby sitter de serviço! Aqui estão então os meninos. É para dar peixe ao almoço, que jantaram carne, e assegurar-se que o mais novo dorme a sesta pelo menos duas horas, senão logo à noite está impossível! Qualquer coisa telefone, até logo, lá pelas sete e meia da tarde... Adeus meninos!
E íamos nós os dois passear na praia, não correr para cá e para lá feitas baratas tontas. Dávamos uns mergulhos frescos lá no fundo onde não há pé, com abraços românticos e beijos salgados, em vez de estarmos cada um no controle do seu respectivo, com água pelos joelhos até haver bater de dentes e muitos protestos para sair da água. Passávamos pelas brasas na espreguicadeira, lendo o jornal, a revista e ainda o romance, em vez de passar o tempo a resgatar o mais novo, que de 5 em 5 minutos tenta evadir-se. Petiscávamos dia fora sem pensar em almoço, lanche e bolachinhas, sem relógio e sestas.
Como seria bom não ter nada para fazer além do dolce dolcissimo! Mas aí não teríamos momentos assim:
(mas porque é que esta fotografia insiste em estar virada ao contrário, senhores da internet? Deve ter passado demasiado tempo com os meus filhos...)
E não seriam verdadeiramente férias em família.
Seria batotice. Mesmo porque a parte da praia nem é a mais chata das férias em família. Pela praia até estamos mais descansados, se possível. Os miúdos entretêm-se melhor, controlamos as tropas da espreguiçadeira, na água estamos fresquinhos e divertidos. É onde damos os abracinhos mais doces, onde temos as melhores recordações, onde as tardes acabam melhor.
Sinto falta de praia sem miúdos, mas isso arranjava-se facilmenfe, nem que fosse apenas uma tarde.
O mais complicado, cansativo, exasperante (!!) nas férias em família são os entretantos. Ir para cima e para baixo, dar almocinho e lanchinho e bolachinha, trocar fraldas, mandar gritar mais baixo, controlar o nº 2 (o segundo filho e o ocasional fugidio number two do segundo filho - ontem ao fim da tarde foi espetacular), dar banhos às tropas, vestir, alimentar, pôr cremes e mais cremes, estar sempre atenta não vá acontecer um desastre, mandar deitar e calar - all the f****** time, dias seguidos. Passados uns dias tu queres ir de férias da família! De férias das férias! Saltar na garupa de um Hells Angels e sumir no horizonte!
Mas isso não seriam férias em família. As férias em família não são para descansar. São um bootcamp de intimidade familiar, um teambuilding pack família. Temos umas bolsas de oxigénio aqui e ali, mas é bootcamp, ninguém sai ileso e cais exausta ao fim do dia, derrotada pela garotada. Excepto os próprios miúdos, eles deliram e a felicidade deles é o incentivo para mais uma muda de fraldas.
Há de chegar o dia em que o destino vai ser outro, mais ao nosso gosto, em que vamos voltar a pegar no carro e dar umas voltas, em que vamos voltar às praias mais inacessíveis, mais nossas, em que os miúdos vão ser mais independentes, mais companheiros de aventura do que bebés.
Até lá, minimizamos os esforços para chegarmos ao fim das férias apenas exaustos, não mortos. Temos o aparthotel em cima da praia, o carro paradíssimo, a praia mais plana e mais quente, os horários menos elásticos e o tempo mais dolce de beijos e bolachinhas e menos de far niente.
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1 comentário(s)
É tão verdade!
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