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Mãe

A Mãe fala | Ser mãe é...

Por Inês

(...) É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;(...)

 

E não é que o Luís Vaz, ao falar do amor romântico, também falou um pouco do amor de mãe? Afinal de contas amor é amor, e o de mãe também é feito de perda, de culpa, de entrega plena, um amor em que ganhamos ao nos perdermos.

Recebi um email de uma querida leitora que me lembrou precisamente isso.

Quando nos tornamos mães, por entre inseguranças e fraquezas, ganhamos também dois metros de altura. De repente somos rijas, aguentamos muita dor, muita pressão, tomamos decisões num instante. É o instinto maternal, tem de ser. De repente percebemos exactamente o mundo inteiro que podemos fazer em meia hora, quantos braços temos, em quantas cabeças nos conseguimos desdobrar.

Vemos todas as nossas potencialidades, afinal somos muito mais do que a rapariga meio perdida, meio adolescente que ainda espreita ao espelho. Afinal somos capazes de tudo e nem sabíamos! Estamos com vinte e muito, trinta e tal anos, o momento M para dar o salto, pegar em todo o nosso potencial e num rompante, fazer o que realmente queremos. Ter filhos dá-nos a força e cria muitas vezes a necessidade de dar o salto, por vezes deixarmos empregos que nos agrilhoam, ou criarmos o nosso negócio de sonhos adiados, querermos construir um projecto de vida global, nosso.

Mas ao mesmo tempo que vemos que temos essas capacidades, estamos nesse momento tão especial, tão único, tão exigente e pleno de termos o maior amor da nossa vida totalmente dependente de nós. O nosso bebé ofereceu-nos a força, proporcionou o click, mas ao mesmo tempo nos tira a margem de manobra para agir.

Não podemos ir conquistar o mundo com um bebé nos braços.

Ou podemos?

A minha irmã deixou um emprego estável mas que a mantinha muitas horas fora de casa, pela filha a horas decentes e a empresa em comum com o marido. Foi um salto do qual não se arrepende, pelo contrario. A Ana tirou o seu negócio do sonho e da história de família em plena licença de maternidade. Eu própria quero dedicar-me mais e mais ao que realmente gosto de fazer.

Penso que o nosso caminho passou por:

1 | Termos uma boa oportunidade para dar o salto - uma licença de maternidade (caso da Ana), um momento que nos deixa em cima do muro (a Sofia), um momento de mais estabilidade, mais espaço na nossa vida (os meus filhos a crescer)

2 | Termos um projecto claro na nossa cabeça pelo qual dar o salto

3 | Ter muita ajuda, para nos amparar nesse salto - seja marido, seja pais, família, ou escola, colegas, uma empregada, alguém que nos apare as pontas, que segure o bebé ao colo enquanto a mãe escala o Evereste

 

Enfim, ao sermos mães vemos que temos uma força e capacidade que desconhecíamos até então, que queremos muito mais da vida, que queremos dar outro mundo ao nosso filho, mas estamos muito comprometidas com a maternidade recente, que foi precisamente o que nos permitiu descobrir essa mesma força.
Quantas vezes não nos ressentimos do recato em que temos de estar, de darmos as nossas horas às cólicas, aos choros? Quantas vezes não nos sentimos culpadas por termos o nosso amor maior nos braços e a cabeça noutra vida, no futuro? Mas a maternidade é nessas alturas um querer estar preso por vontade, ganhamos ao perdermos mais um dia em que sabemos agora que temos a força para lutar pelo que queremos. Outro dia virá, nunca é tarde demais.
Às vezes basta que os miúdos cresçam um pouco para também nós podermos crescer e fazer coisas com a nossa ambição, às vezes temos condições externas para conciliar tudo e avançamos logo, às vezes a sede de mundo passa e fica tudo mais calmo.
 
Às vezes a urgência que temos de fazer coisas pode ser simplesmente uma forma do nosso coração nos dizer "muda de estação, vai apanhar ar!" e não necessariamente a dizer-nos "muda de vida".
 
Porque o tempo passa, os filhos crescem e nós estabilizamos emocionalmente. Pode ser simplesmente isso, e ficamos bem. O casamento, a gravidez e os filhos trazem-nos uma sabedoria, paciência e fé que desconhecíamos. Vamos encontrar o nosso caminho.
 
 
Fica aqui a partilha que a F. tão generosamente fez comigo, que me fez alinhavar estas ideias e que eu acho que vai ao encontro dos dilemas e urgências de muitas de nós. Obrigada!
 
 

Às vezes, demasiadas, dou por mim a: 

- ser lamechas porque isto de trabalhar no emprego e em casa é muito cansativo;

- a pensar que é querer pouco se não lutarmos por uma vida com um horário mais libertador/ flexível que nos permita ter tempo de qualidade para nós e para a família;

- que não se pode ser tão conformista ao ponto de deixar que as responsabilidades , especialmente financeiras, sejam uma boa desculpa para não mudar nada;

- que há de certeza espaço para criar um trabalho que me realize;

…tantas que já estou cansada de me ouvir!?

Tenho 30 anos e dois filhos, um de 3 anos e outro de 9 meses, e estes dois bebés fizeram de mim uma mulher mais crescida, principalmente na consciência do meu EU… de quem quero ser, de quem preciso de ser! A noção do tempo também sofreu uma transformação imensa, de repente meia hora dá para tanto, meu Deus!

Sinto que estou na fase da minha vida antagónica, se por um lado temos que garantir estabilidade por outro estamos no pico da força para pegar em projetos e arriscar!!! Mas depois falta-nos a disponibilidade real e psicológica.

Como equilibrar ambas as partes?

Como procurar a realização pessoal a par da nossa missão de ser uma boa amante, mãe e amiga?

Quero acreditar que é possível e já tenho algumas conclusões… culpar-me menos, delegar mais, não desistir de mim, tentar, tentar e voltar a tentar!

Não estou à espera da poção mágica que resolva todos os meus problemas, a sério que não.

Se calhar da força, da motivação, isso sim!

 

 

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