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Vida

A mãe fala | Quando o bebé não pode vir logo para os nossos braços

Por Equipa, Eu Mãe

 Esta semana este blog lembra um momento da vida de uma mãe de minutos, de horas, que não pode viver esses primeiros momentos em plenitude, como todas nós gostaríamos. 

O seu bebé nasceu e não pode ir logo para os seus braços...

 

"Nasceu, e agora? Agora é fácil! " (titulo de um documentário, feito pela RTP1 em parceria com o Amadora-Sintra, sobre os primeiros dias de vida do bebé.) 

Bom, vi-o no próprio hospital AS, num dos muitos dias de internamento na obstetricia, antes do D nascer. E é sobre este acontecimento, o nascimento de quem intitulo agora de " homem da minha vida" que eu quero escrever.

O D nasceu no dia em que completei 37 semanas de gestação, a linha que separa um bebé prematuro de um bebé de termo. Tinha 48 cm e 2300kg.

Passaram-se 2 meses e 14 dias, mas ainda sinto tudo recente...como que se me tivessem beliscado e ainda sentisse a dormência...mesmo depois da dor maior ter passado.

Dor? Não me refiro à dor do parto, que bem (mães) sabemos ser muito provavelmente a maior dor (física) que experimentamos, principalmente quando o parto é o mais natural possivel (sim, sem epidoral!), mas a qual ultrapassei com a grande ajuda do meu D grande. Refiro-me à dor que senti, quando ouço "pai, quer cortar o cordâo umbilical?" e nâo ouvi o meu D chorar!! Naquele milionésimo de segundo, o mundo parou..nao sentia o corpo...mas conseguia sentir o coração bater 100x mais rápido, parecia que me ia rasgar a pele de tão acelerado...!e levaram-me o D...!

Levaram o meu bebé, para uma bancada mesmo ao meu lado, mas eu não o conseguia ver...e continuava a não ouvi-lo... tinham chamado uma pediatra. Pareceram-me horas de sufoco...e foram mesmo, porque a primeira vez que toquei no meu fruto, ja se tinham passado algumas horas desde o seu nascimento...

O D nasceu sufocado pelo cordão umbilical, teve que ser reanimado e levado para a neonatologia para ficar sob observação. o que aconteceu ao certo, se foi antes ou durante o parto que o cordão enrolou, não se sabe, pois eu dei entrada no bloco de partos em urgência, e foi tudo tão rápido, que em 30 minutos ele nasceu.

Passadas 4 horas do parto, tive luz verde para me levantar e ir ver o meu menino! Lá fui, levada por uma auxiliar e numa cadeira de rodas (só porque me obrigaram, pois teria ido pelo meu próprio pé), e foi um choque... entrar na neonatologia, e a primeira vez que estava a olhar para ele (consciente) era através de uma caixinha de vidro, todo ligado e cheio de luzinhas...as lágrimas vieram-me aos olhos, mas logo veio ao meu encontro a enfermeira de serviço, que logo me tranquilizou, dizendo que o D estava em ótima recuperaçao e que só ali continuava para observaçao. E finalmente pude pegá-lo, tocá-lo... era um pedaço de mim!

É claro que ouvi e vi o que mais queria, o D estava bem! Mas voltar ao quarto sem ele..era triste demais!!! E o que invejava as mamãs que estavam no meu quarto com os seus bebés! Foram 3 dias a "passear" pelos diferentes pisos, pois só me sentia bem junto do meu D. Vê-lo constantemente a ser "picado" era, de certeza, mais doloroso para mim do que para ele, aquela sonda enfiada na boquinha irritava-me e entrestecia-me...mesmo! Mas ele estava bem!

Finalmente ao terceiro dia o meu tesouro veio para junto de mim. Agora sim, tinha renovado as minhas forças e não precisava mais de andar no corre corre, entre o quarto, visitas e neonatologia!

Saímos da maternidade ao final de 6 Dias, porque o D tinha que terminar o antibiótico. Como mãe, sofri muito com este susto, mas orgulhosa porque o meu menino é forte, e provou-o logo nos seus primeiros segundos de vida!

Agora? É tudo tão fácil! Não por tudo ser perfeito, que não é, mas porque estamos juntos, me, pai e filho, a fazer prevalecer o amor e união, e por isso posso garantir que vivo os dias mais felizes da minha vida!

Um dia, uma grande amiga disse estas sábias palavras, " não existe um curso que nos ensine a ser bons pais, por isso erramos", é verdade, mas é esta aprendizagem do dia a dia, que nos faz ser quem somos. Entre erros, medos, fraldas, birras e muitas noites mal dormidas, digo, é tão bom e é tão fácil :-)

Quero agradecer a todos os familiares e amigos, que estiveram comigo fisica e moralmente, nestes longos 16 Dias de internamento.

Um agradecimento especial, ao 2° mas não menos importante, homem da minha vida. Foi ele que fez estes dias parecerem menos longos...foi incansável e encheu-me de mimos, que eu tão precisava. Amo-te D Grande :-)

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2 comentário(s)

Alda Almeida08 de Abril, 2016 às 15:54:29
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Passei por uma situação que não esqueço nunca mais. à 3 anos nasceu o meu filho e nunca lhe pude pegar ao colo (faleceu no parto). Mas não desisti e voltei a tentar ter mais filhos. Consegui! Em agosto do ano passado dei entrada no hospital, é fui diretamente preparada para fazer uma cesariana. Estava de 38 semanas. Correu tudo bem, mas o meu menino foi para a incubadora cerca de dia e meio. Nem sabem o que me custou não pegar nele novamente. Passou tudo pela cabeça. Felizmente correu tudo bem. Neste momento tenho um menino saudável. Obrigado.

Lia08 de Abril, 2016 às 18:37:02
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Eu tive gémeos que nasceram às 36 semanas e 1 dia e conheço bem essa sensação de ficar de braços vazios depois do parto... com a agravante de que como foi cesariana só me pude levantar no dia seguinte para ver os meus tesouros. Quando nasceram vi-os de fugida e depois só fotos tiradas pelo pai. A sensação de os ver a primeira vez naquelas caixinhas cheios de fios não é de todo ideal... a minha menina tinha apenas alguns sensores mas o meu menino tinha sonda, oxigénio, montes de fios e um cateter no pé, era de cortar o coração saber que era espetado todos os dias, também esteve uns dias com um CPAP em vez do oxigénio depois voltou ao fio de oxigénio. Teve um pneumotórax que não se sabe se ainda foi lá dentro ou no parto e só veio para o quarto ao 5º dia após o nascimento. A minha menina veio para o quarto ao 3º dia e foi "filha única" durante 2 dias. No primeiro dia que a tive no quarto ao fim do dia deixei-a aos cuidados do pai e fui visitar o meu menino à Neo... vim até ao quarto a chorar compulsivamente... o meu marido apanhou um susto porque eu não lhe dizia por que é que estava a chorar... quando consegui acalmar-me expliquei-lhe que era terrivel tê-los aos dois na Neo mas agora poder mimar a minha filha, tê-la comigo a todo o momento era maravilhoso e deixar o meu filho sozinho na Neo era de cortar o coração... Ao quinto dia ficamos todos juntos e foi maravilhoso, ao 8º dia viemos para casa juntos e felizes, e já foi há quase 4 anos. Parabéns pelo seu lutador

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