Durante muitos anos na minha infância, por motivos que não sei, não me recordo de ouvir rádio no carro. Mas em 1987 quando eu tinha 10 anos e mudámos de país, recordo-me de num fim de tarde, no trânsito, ter ouvido pela primeira vez La Isla Bonita. Não sabia de quem era, mas os sons espanhóis chamaram a minha atenção e foi este o meu primeiro contacto com Madonna - identifiquei-me. Comecei então a prestar atenção que aquele nome aparecia em muitos lados, havia vinis em casa de amigas, os clips davam nos TOP+ da altura e comecei a querer também teu uma cassete dela. A cassete não chegou, mas assim que consegui, juntei dinheiro e comprei o meu primeiro CD (mega novidade) em 1991 e foi a Immaculate Collection com todos os hits dos anos 80 da Madonna. Ouvi o CD milhares de vezes, amigas minhas copiaram e era assim que passava as minhas tardes, ouvindo música da Madonna…
Nos anos 90, durante a minha adolescência, assisti a todos os escândalos desta artista e sendo eu uma miúda, achava que ela era um exemplo de resistência e de teimosia e que nos representava a todas. Eu não era assim, mas a certa altura lá tive os meus momentos de enfant terrible; até posso dizer que “finalmente” lá aconteceram!
Já tive o privilégio de ver a Madonna ao vivo por duas vezes, sendo que a primeira foi realmente gloriosa. Nesse momento em que estivemos na fila para entrar no Pavilhão Atlântico pudemos conviver com todo o género de pessoas, sem filtros, de bem consigo e sobretudo felizes em viver da maneira que escolheram. Foi uma tarde perfeita e uma noite magnífica.
Embora nos últimos anos não tenha estado super atenta aos desenvolvimentos da carreira desta minha “musa”, vou sabendo de um ou outro gesto de irreverência tão próprios dela. A chama ainda está acesa, o impacto das suas palavras ainda abalam consciências e os seus actos não passam indiferentes aos demais. Foi por estes dias que a Madonna recebeu um prémio de carreira atribuído pela Billboard e o seu discurso foi um resumo brutal daquilo que contribuiu para o que vemos hoje. Uma mulher que não se deixa ficar, um verdadeiro exemplo daquilo que é uma profissional.
