Já não lhe bastava ser segunda-feira, ainda se tornou mais negra, e não lhe valeu de nada ser Carnaval.
No mesmo dia e de uma só sentada morreram dois ídolos da nossa juventude. Dois máximos representantes de pólos tão opostos que acabam por coexistir pacificamente nas referências mais fortes da nossa adolescência. Eles não podiam ser mais adolescentes.
Keith Flint, vocalista dos The Prodigy, trouxe o punk aos anos 90, representando o nosso lado mais negro, mais subversivo, mais destrutivo e violento. Ouvíamos Firestarter ou Breathe e só nos apetecia partir aquela merda toda. Víamos Smack My Bitch Up e aquilo era de uma violência com um twist maravilhoso, afinal o bad boy era uma blond girl. Os Prodigy não eram a nossa banda preferida, mas aquelas músicas tinham (e têm, não se voltou a fazer nada assim, está actualíssimo!) um power incontornável. Aquelas batidas eram nossas.
Luke Perry, o Dylan de Beverly Hills, era o betinho bad boy, o protótipo acabado do rapaz que todas nós queríamos salvar e redimir. Um pobre menino rico, giro, cheio de estilo, ao volante de um Porsche que o pai negligente lhe deu. Um durão sensível, incapaz de conhecer o amor, porque ele é mesmo sofrido. Mas tão giro! A aposta secreta era que seríamos nós a conseguir dar-lhe a volta e aquele olhar cheio de sobrancelhas iria franzir apenas por nós. O Dylan era nosso.
Todos os sábados (ou Domingos?) a seguir ao Top Mais, em que abanávamos o capacete com os Prodigy, mergulhávamos naquelas primeiras míticas temporadas do 90210, no meio dos betinhos de ganga e bad boys de Porsche.
O que fazia de nós adolescentes era essa capacidade elástica e errática de gostar ao mesmo tempo dos Prodigy e do Dylan. Irmos do ímpeto mais violento e destrutivo ao mais cordeleiro enamoramento no mesmo dia.
Com a morte de Keith Flint e Luke Perry morre mais um bocadinho destes tijolos que fizeram a nossa juventude e ficamos inevitavelmente um pouco mais velhas.
É isto envelhecer? Ver as pessoas à nossa volta a morrer, tentando que não nos aconteça o mesmo tão cedo? Os nossos amigos, os nossos familiares, aqueles que conhecíamos vagamente, os nossos ídolos, enfim, um por um, eles a morrer e nós a ver, tentando nós próprios adiar a nossa vez o máximo possível? É isto envelhecer?
Enfim, fica a vontade de partir esta merda toda.
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