Quando conhecemos alguém que tem um filho cronicamente doente, seja por ter nascido com mal formação congénita que tem de ser tratada, seja por ter uma doença que o impede de ter uma vida "normal", antes passando-a dentro dos hospitais, dói-nos também a nós, enquanto pais e enquanto amigos ou familiares daqueles pais que tanto sofrem.
Inevitavelmente as conversas começam sempre com um genuíno e preocupado "Como é que está o bebé da doença X, está melhor?" E lá vem o relatório dos últimos tratamentos, ou operações, ou desesperança, ou complicações, ou recuperação lenta e dolorosa.
Por muito bem intencionados que sejamos, imaginem só aqueles pais a ter de responder àquela pergunta uma e outra vez. É abrir uma ferida a cada resposta, é não conseguir um minuto de "normalidade".
Se há pais de filhos doentes que gostariam de não se sentir sós, e portanto poder falar com alguém sobre o que mais os angustia lhes traz uma descarga de dor que pela partilha se dilui minimamente, há outros que não podem mais abrir essa ferida, não aguentam mais falar sobre isso a mais uma pessoa.
Assim se vê que cada caso é um caso, mas, o que soube desta recém mãe e também li aqui, pôs-me a pensar que tantas vezes pode ser assim, perguntas bem intencionadas e de genuína preocupação não deixam pais de filhos com doença crónica respirar.
Assim, da próxima vez, pergunte antes ou também, como é que ele, o bebé está, e não como está a sua doença. Que gracinhas faz? Que coisas giras faz? E oiça, interesse-se por ele, pela sua pessoa. De certeza que vai arrancar sorrisos e episódios giros aos pais e trazer-lhes uma dose refrescante de normalidade, de como seria a converseta de dois pais que se encontram se não houvesse uma doença pelo meio. As crianças têm uma força e resiliência incrível, elas vivem melhor com a doença do que nós, continuam a desenvolver-se, a crescer, a trazer novidades à vida dos pais todos os dias. Seja porque começaram a sorrir, porque se conseguem levantar e dar uns passos, seja porque já conseguem ler ou fizeram isto ou aquilo. O que é que o bebé anda a fazer, e não o que é que andam a fazer ao bebé, é uma pergunta que aqueles pais gostariam de ouvir.
Por outro lado, se se pergunta a pais de filhos com doença crónica se precisam de alguma coisa, é bom que se possa cumprir. Mesmo que eles digam que não precisam de nada, que estão a aguentar-se, trazer-lhes uma boa refeição caseira congelada, umas compras de supermercado, ficar em casa com os miúdos por umas horas enquanto se liberta um pouco os pais, levar a roupa toda para lavar e passar, são pequenos gestos que valem um peso levantado dos ombros e algo mais do que "se precisares de alguma é só dizer!".
Eles não vão dizer o que precisam, porque o que mais precisam é que o filho fique bom, mas vão agradecer que as palavras passem a acções.
Na galeria, palavras e conselhos muito importantes para quem está doente.
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