Vamos cá tentar fugir dos clichés. Não é por ser homem que tenho que ser cego para o que os meus filhos vestem, ou que tenho que ser ignorante relativamente a qualquer assunto relacionado com moda. Ninguém precisa de me explicar o que é a cor fúcsia, eu sei bem que é aquela meio coisa entre o amarelo e o verde-água escuro. Que diabo, sei fazer conversa sobre plissados e aquele-tecidozinho-muito-suave-sabes?-que-agora-se-vê-muito. E não pertenço, de todo, ao grupo de básicos que não apreende a problemática inerente às diferenças entre um long bob e um short bob.
Posto isto, há coisas que me tiram do sério. Boinas nos putos, por exemplo. Um cachaço na mãe do puto que lhe meta uma boina na cabeça. Assim, tau, já está. Não metesses. Uma fita pindérica na mona da pequena Jéssica, que vai fazer agora 6 mesinhos. Pimba, outro cachaço.
E isto era só para começar. E quanto à cena dos fofos?! Ui. Fatinho de baptizado meets boneco do bebé careca. Uma náusea. Um puto com aquilo vestido, no mínimo, parece uma miúda. Chiça. E atenção: não encontrarão em mim uma ponta de homofobia, garanto. (Não gostaria que o meu puto fosse gay, mas isso é porque acho que sendo heterossexual a coisa já é suficientemente difícil – fica para outra conversa). A questão é mais pragmática: ele é um miúdo, e não uma miúda, é uma questão, digamos, de organização.
O problema é quando deixamos de falar em roupas e passamos a falar em roupinhas. Fica tudo quilhado. Já experimentaram pôr e tirar um babygrow que, naquela do estilo, só tem molas numa das pernas? Sem rosnar um palavrão?... E os sacanas dos bodies para recém-nascidos, com aquele inferno de fios, em vez de botões, ou molas, “para não magoar o bebé”? E eu sei do que estou a falar, eu sei a diferença entre um babygrow e um body. Foram precisos apenas três anos.
Todos conhecemos o longo desfiar de mágoas e lamentos das pobres mães, desgastadas pelo contínuo cuidar dos pequenos rebentos. As tarefas, o choro, o bolçado, o caneco. Mas se é preciso levar o puto à vacina no centro de saúde, e voltar ainda a tempo da próxima mamada, e está tudo atrasado, ainda assim tem de haver tempo para trocar a roupa por roupinhas. Que é como quem diz, trocar a roupa vestida – só isso já é uma enorme qualidade – por roupinhas, leia-se, cenas em regra mais chatas de vestir, que ainda não estão vestidas(!), mais caras, mas que, enfim, têm um tom de azulinho que lhe fica muito bem. Ainda não estão a ver a diferença? As roupinhas são as que não deixam perceber qual é a frente e o trás. Não falha.
Se a saída for a casa da prima ou da avó, ou da avó-sogra, ou de alguém remotamente conhecida mas que já ofereceu uma roupinha? Tem que se vestir. Não há escapatória possível. E a pessoa que ofereceu a roupinha vai lembrar-se que ofereceu aquela pecinha muito gira e que lhe fica mesmo bem. O puto anda todo babusco por causa dos dentes ou ameaça um bolçado do iogurte de há tempo suficiente para empestar o carro, e precisa de um babete? Não pode, porque tapa a roupinha. Que depois será trocada por outra roupinha.
Tudo poderia ser mais fácil, claro. Esqueçam a Knot e a Chicco e o camandro. Querem roupa para putos mesmo gira? Vão à Zippy e à Zara kids. Não têm roupinhas mas têm roupas – custam metade a vestir e 2/3 a comprar. Querem calçar o petiz? Ontem fui à Sportzone e comprei lá uns tenizinhos. Olha, mesmo giros, a sério, vão ver.
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4 comentário(s)
Sou mãe e não tenho paciência para roupinhas. Compro uns vestidos giros para a miuda e t-shirts e calções/jeans para os rapazes. Prático, portanto. Não há cá colete e casaquinho, suspensórios, cueca para tapar a fralda (usa o body, para quê complicar?), bandolete e ganchinhos (ok, ela não tem mto cabelo, confesso). E acrescentaria a H&M. (Entre um polo Chicco e uma t-shirt com um dinossauro, adivinhem qual é que o meu filho gosta mais?)
Muito bom! (Tirando de que várias marcas vão estar a morder a perna do pai anónimo.. ou isso ou já estão aflitas a ver como mudam as fitas por molas). Eu gosto de roupinhas sobretudo quando estou de licença... tenho tempo! E quando vamos passear à socialite, confesso. Não digo bem fofos, mas calções curtos em rapazes recém-nascidos...não acho mal. Mas no verão! Collants à mostra não, por favor!! Eu sei que é a ir buscar os costumes antigos, porque como dizia uma tia minha, antigamente calças só nos homenzinhos (depois dos 5-6 anos), mas ainda assim meias-calças em rapazes só se for por dentro para aquecer tipo ceroulas que também é bem antigo ou no carnaval para vestir de Robin dos bosques. Meias até ao joelho no Inverno estava bem se vivêssemos nos países nórdicos onde as casas são aquecidas até ao tutano, aqui congelamos a rótula com essa brincadeira. Mas essa maneira de ver as coisas dizem que é de sermos mais a Norte (porque eu sou do centro, ao contrário do que os Lisboetas pensam...ui!) E sim, sem esterótipos.. simplesmente não me agrada.
E quando vejo as roupinhas da não-sei-quantas-Carlota? Pobres criancinhas devem andar a fazer casting para o Downton Abbey...
Ao o que me ri!... Acertou em tudo menos na cor Fúcsia... Se tiver uma menina pergunte-lhe, ela já deve saber... Bem haja o seu bom humor!
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