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O Pai Anónimo | Da Igualdade

Por O Pai Anónimo

Este é um assunto sério. Seríssimo. Falo do problema da igualdade de género. É tempo de a sociedade actual acabar com a discriminação silenciosa, subtil, que corrói os lares e os casamentos. É tempo de levantar a cabeça, sacudir o estigma e dizer: “Nós, os homens, estamos cansados! Raisparta o caneco!”

A coisa começa logo bem cedo, no anúncio da gravidez. Parabéns! Que bom! É para quando? Temos montes de coisinhas que podemos emprestar! Onde vai ser o parto? Mostra a barriga! Estás… óptima.

E quanto ao pai? Sim, claro, as pessoas ficam felizes por ambos. Mas… E então, conta!!! Que bom! Vai ser o máximo, vais ver! Vais ficar super… gira.

Ao lado da pessoa que fala com entusiasmo costuma estar um homem, que se aproxima, discreto, dá um aperto de mão, um abraço, eventualmente, e diz parabéns, pá. Por vezes uma graçola sobre a competência na hora da procriação. Há na voz um tom sincero de alegria, é certo, mas contida, grave, quase tristonha. Ele sabe o que vem a seguir.

A seguir vem o resto da gravidez. Saltemos os lugares-comuns das hormonas aos saltos e dos pedidos esquisitos de comida a meio da noite. Isso é conversa dos filmes. Do que ninguém fala é da brutalidade das idas a lojas de bebés, a violência da escolha do enxoval do bebé. As roupinhas e afins. E das roupas para ela, claro, não nos esqueçamos disso. E de cada vez que surge algo interessante, que mobiliza – que um gajo também não é nenhum estereótipo, carago – isso é analisado ao pormenor, vistas mil versões, levado à náusea. E um gajo aguenta.

Soliedariedade com o pai? Sim, há. No tempito que vai desde a mãe ir para a maternidade, até o puto nascer. Alguém pergunta se está nervoso, se precisa de alguma coisa. Mas só porque a mãe está para parir, e não dá para ligar para o telemóvel.

Depois… Um gajo aguenta. E carrega. O puto, a coque, a mala da roupa, o carro, o carrinho, vai buscar, vai trazer. Tenta cumprir as indicações mais estranhas e difíceis. Traz-me aquelas meiinhas beije claro ao lado dos fofos com aquela risquinha. Compra-me aquele meu creme que eu uso à noite. Falha.

A verdade é que a mãe tem todos os privilégios. Tem todos os artigos das revistas, as roupinhas para vestir o petiz, as cenas para grávidas, puérperas, mamãs, tem as conversas com as amigas que já são mães e as que ainda não são, tem a finíssima capacidade de distinguir um vestidinho lindo de uma pecinha que é melhor para vestir em casa. Tem a neura. E tem o gajo. Que aguenta.

De dia o pai trabalha e verga a mola. A mãe vai dormitando, que amamenta, e muda as fraldas, e está cansada. Mas à noite o sacana do puto chora para os dois. Alguém dá um ramo de flores ao pai? Ninguém dá. Alguém lhe oferece uma camisa gira, um gadget porreiro, um porta-chaves, que seja, por ter sido pai? É o dás. Alguém lhe pergunta se ele está bem? Perguntam é pela mãe. E dão conselhos para cuidar da mãe. E na consulta com o doutor o gajo chega atrasado porque ficou a estacionar o carro.

Essa é que é essa, meus amigos. Pai sofre.  E sozinho, que os amigos dele não ligam a meio do dia Então amigaaa? Do que é que precisas?  E não me venham moer o juízo, que a minha cachopa, a mãe dos meus filhos, é bem minha amiga. Só que elas conseguem ver logo se a roupa está ao contrário. Sabem logo quanto tempo são 17 meses de idade. Elas têm sempre um body a mais na mala. E isso é de um grau de complexidade maternal a que nós, pais, nunca chegaremos. 

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2 comentário(s)

Tito Mariu13 de Janeiro, 2015 às 09:41:16
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Estou contigo Pai Anónimo.....

filomena13 de Janeiro, 2015 às 16:59:48
Responder

E um bjinho grande ao papá Pedro meu marido por ter estado sempre presente, ainda que por vezes silencioso! Um bjinho ao meu Pai que há 37 anos já mudava a minha fralda e me dava o biberon.

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