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Filhos

Mãe Bio-Lógica | São cólicas senhor, são cólicas...

Por Linda Barreiro

E quando aquele bebé pequenininho, que cabe na palma da nossa mão, decide mostrar-nos um dos seus maiores atributos: a voz! E quando a sua potência alcança a nossa casa, o prédio, a vizinhança e o bairro. Isso não é impulse. São cólicas, senhor, são cólicas...

Em relação ao fenómeno das cólicas nos recém-nascidos existem várias teorias e opiniões aqui irei focar apenas uma perspetiva.

O Dr. Harvey Karp, pediatra americano, autor do famoso método dos 5 “S” para acalmar o bebé, afirma que os recém-nascidos choram porque é a única forma que têm de comunicar connosco e com o mundo exterior, e que esse choro, na maioria das vezes, passa quando satisfazemos a sua necessidade naquele momento, seja ela de dormir, de comer ou de mudar a fralda.

O Dr. Karp refuta assim a ideia das cólicas causada, entre outros fatores, pela presença de ar, sustentando que a maior parte dos bebés não tem ar acumulado no estômago enquanto chora. Segundo ele a presença desse ar é mais notória, na barriga dos bebés, cerca de 1h depois do ataque de choro, altura em que estes já estão normalmente mais tranquilos e serenos. O pediatra norte-americano evidencia também que na maior parte das culturas africanas este fenómeno não existe, e os bebés são amamentados entre 50 a 100 vezes por dia, rebatendo assim outra das causas das cólicas: o excesso de alimentação do bebé. Por fim ele explica que muitos bebés acalmam simplesmente com um barulho forte de um aspirador, de um secador ou de um motor de carro, que por si só, também não parecem ter validade científica para “curar” um ataque de cólicas.

Na perspetiva do Dr. Karp os bebés choram porque sentem a falta do seu ventre uma vez que ele tem a convicção de que, à semelhança de outros mamíferos, o período de gestação humano deveria ser 1 ano e não apenas 9 meses. Assim sendo os nossos bebés necessitariam de mais um trimestre de vida, aconchegados no ventre de suas mães, para estarem mais bem preparados para a agitação deste mundo exterior.

Transcrevendo o Dr. Karp, para os médicos as cólicas inscrevem-se numa regra chamada a regra dos “três” que dita que se o bebé chorar - ativamente - pelo menos 3h seguidas, 3 dias por semana durante 3 semanas seguidas, então sofre de cólicas. Podem ler mais sobre isto aqui.

Ora então em quê que ficamos?

Eu até achava que o meu pequenito tinha cólicas. Tinha de facto as suas crises, em determinados momentos do dia, por vezes até se contorcia um pouco e nada o acalmava, nem mesmo a mama. Porém confesso que, depois de ler o que este senhor dizia, percebi que se calhar aquelas crises dele não se inscreviam bem, bem nas cólicas. O meu marido partilhava da mesma opinião do Dr. Karp de maneira que aqui em casa dar alguma coisa para as cólicas estava completamente fora de questão.

De qualquer modo o que eu acho é que o termo “cólicas” acabou por se generalizar, de forma pouco precisa, para designar aquele período do dia, nos primeiros meses de vida, em que o bebé está com um certo mal-estar, chateado com tudo o que o rodeia e que não acalma com nada nem com ninguém.

Sinto que por vezes as pessoas empregam a expressão “cólicas” não só como uma espécie de fórmula resolvente para o choro dos bebés (como se tivesse de existir uma justificação para tudo) mas também para terem o que perguntar: "Ele sofre muito de cólicas? Coitadinho..." Ou então quando estamos num sítio público e o bebé decide ligar a sirene, e até já tem 5 ou 6 meses, mas as pessoas vêm ter contigo a dizer: "São cólicas, coitadinho... É uma chatice”.  É tal e qual como a história dos dentes. Quando os bebés começam a babar: “Isso é dentes, é dentes...” O meu filho babava desde os 3 meses, era dentes... De acordo com a sabedoria popular o miúdo já tinha a dentição toda ao ano, todavia o primeiro dente só começou a romper com quase 14 meses. Até eu já estava preocupada que o miúdo ficasse desdentado! Ahahah...

O mais importante a reter, quando o bebé está a ter um destes ataques frenéticos, é tentar perceber exatamente o que o acalma, o que nem sempre é fácil. Pode ser um banho, pode ser o barulho do secador ou do exaustor, pode ser dar uma volta de carro, pode ser embalá-lo no sling, no carrinho ou numa bola de pilates, pode ser dar de mamar ou pode não ser nenhuma das anteriores. Assim, e como em tudo no que toca a recém-nascidos, acaba por ser mais um processo de descoberta e aprendizagem que se vai ter que ir fazendo ao longo do tempo.

Quanto à questão da massagem para as cólicas é algo que quase nunca funciona nessas alturas, pois quando o bebé está irritado ele não vai colaborar com nada, nem mesmo na massagem. E ao invés de o relaxar, a massagem irá irritá-lo ainda mais. A massagem para as cólicas deve ser feita, com regularidade sim, mas de forma preventiva em qualquer momento do dia desde que o bebé esteja tranquilo e bem disposto.

Por aqui fizemos várias experiências, sempre diferentes, e aplicámos imensas vezes alguns dos “S” do Dr. Karp. Todos eles foram resultado e foram também deixando de resultar com o passar do tempo, mas o “Shhh” para adormecer, por exemplo, é um dos “S” que ainda se mantém aqui em casa. Quando estou a pô-lo para dormir, deito-me ao lado dele, aconchego-o com a minha mão e fico ali a suspirar “Shhh, Shhh” por uns minutos seguidos. Até a mim me acalma e relaxa. É o momento zen do meu dia com ele ali ao meu lado. Cerro os olhos e respiro fundo sem pensar em mais nada: só nele e em nós, que bom!

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1 comentário(s)

Mircea02 de Maio, 2016 às 19:43:12
Responder

How neat! Is it really this simpel? You make it look easy.

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