Deitei-me às 3 da manhã triste e desanimada porque já se estava a desenhar o que estava a acontecer. O que eu e todo o mundo temia. Que um ser absolutamente desprezível, demagogo, racista, xenófobo, mentiroso, asqueroso, agressivo, leviano e "straight talker" subisse ao mais alto cargo do dito mais poderoso país do mundo.
E aconteceu. E eu acordei atordoada, como o resto do mundo lúcido. Como o resto do mundo bom. E acordei atordoada não com a notícia em si, mas com o que ela representa.
Aquele ser ter ganho significa que é possível alguém mentir, insultar, incitar à violência, diminuir os outros, fazer trinta por uma linha e ganhar.
Aquele ser ter ganho significa que é possível alguém dizer o que ele diz, fazer o que ele faz e ter quem o apoie. Quem se reveja naquilo. Quem ache bem.
Aquele ser ter ganho significa que saber ler não significa ser informado, ser inteligente. Significa que vivermos hoje neste mundo todo feito de acesso à informacao vale tanto quanto valia ter acesso a um jornal censurado e a um ecrã de propaganda, há quase 100 anos atrás.
Significa que hoje, mais do que nunca, o mundo está dividido entre Eles e Nós. Há vários Eles e vários Nós. Mas já não há globalização como se sonhou. Já não há crescermos juntos. Há eles e nós. O mundo está dividido.
O meu Eles e Nós não é o do eles estrangeiros, estranhos, terroristas e o do nós brancos, cristãos e straight talkers.
O meu Eles e Nós é o do eles ignorantes, racistas, violentos e amedrontados e o do Nós lúcidos, pacifistas e que querem continuar a levar a sua vida em PAZ.
Se calhar eles se definem como eu me defino, eles que vivem no medo de que acabem com a sua vidinha... Não sei pôr-me na cabeça daquela gente, não consigo ver bondade na alma de pessoas que assistem aos comícios, declarações e acções a que também eu assiti e que aplaudem, que acham bem, que acreditam que aquilo vai significar uma ruptura com o passado e mais, que significará uma melhoria das suas vidas. Esta manhã o discurso já se moderou, aquele demagogo está novamente a baralhar e a dar. Vamos ver as suas acções ou a falta delas.
O Mundo está dividido e a isolar-se, cada um no seu canto, a destruírem-se de longe.
Eu desejo para os meus filhos um futuro de paz e prosperidade, não de guerra e ódio. Cabe agora a cada um de nós, hoje mais do que nunca, pensar global e agir localmente. A minha acção passa por eu tentar activamente, todos os dias, ser boa pessoa, para mim e para os outros, criar os meus filhos para a bondade e a informação, a verdadeira inteligência, criar os meus filhos para serem homens bons num mundo que pode não ser bom para eles.
Neste momento só me apetece abraçar os meus filhos com força, agarrar neles e fugir para outro mundo, um mundo em que eu não acorde para confirmar que metade de mais um país dito desenvolvido escolheu o racismo, o isolacionismo, o medo. Eu não quero viver com pessoas assim e elas estão à minha volta. Mas dentro da minha alma elas não entram. Eu sei quem eu sou e quem eu não quero ser. Eu sou do Bem.
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1 comentário(s)
Lindo texto! Coragem e esperanca e' o que o Mundo precisa Bj
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