O último livro que li foi-me oferecido num Natal há muitos anos atrás, pela minha irmã. Eu diria que ela conhece-me bem demais, porque sabia que eu bem precisava de um livro com dicas de arrumação, tanto que a confusão permanente que é a minha cabeça fez com que apenas pegasse no livro a sério alguns anos depois. Até então tinha lido umas passagens, tirado as ideias mais importantes e procrastinado a urgência que esta leitura era.
Mas a verdade é que cada vez mais a arrumação da minha casa reflecte a arrumação que também procuro para o meu universo mais íntimo, para o meu trabalho e as minhas ideias. E que vou aplicando, com cada vez mais afinco e satisfação, mas ainda não com uma saudável e proveitosa obsessão. Quem me dera ser mais obcecada pela arrumação, mais organizada e focada!
Enfim, baby steps, e eles vão sendo cada vez mais seguros e longos. E desta vez foi de vez, li o livro de rajada em poucos dias, na praia. Devia ter lido em casa, para ir desde logo aplicando, mas revelou-me que nem tudo estava perdido e o meu caso não é grave, podia esperar pelo regresso das férias.
Este livro foi uma óptima leitura de verão, o livro é muito pratico e pedagógico, quase infantil na forma como nos pega pela mão e nos trata como palerminhas que têm de aprender a dobrar cada pecinha de roupa até parecer um tijolinho, nos sugere forrar armários com postais e abraçar cada objecto da casa antes de os guardar ou matar, com desenhos de coelhinhos e tudo. A Marie é uma querida, naquele jeito caricatural japonês, um misto de extrema educação e delicadeza e automatismo robótico tão eficaz quanto desconcertante.
Mas sem demoras, aqui ficam as 5 ideias chave que tirei deste livro e quero trazer para a minha casa, as minhas coisas, a minha vida:
1 - Cada um dos objectos que nos rodeiam e recheiam a nossa casa, a nossa tralha, devem proporcionar-nos ALEGRIA, devem despertar em nós uma emoção de gosto e afeição, seja pela peça em si, seja pela utilidade e mais valia que traz à nossa vida. Uma camisola deve trazer-nos alegria, por ser na nossa cor preferida ou servir lindamente, assim como um saca-rolhas, que de forma tão expedita abre as garrafas de vinho que abrilhantam o convívio com os amigos. Eu agora dou por mim a desfazer-me sem pestanejar de coisas que já não interessam nada cá em casa porque o meu barómetro da alegria está um tirano sem misericórdia. Curiosa contradição, mas eficaz.
2 - Para bem arrumar toda a tralha da nossa casa, a ordem a seguir é:
Roupa, Livros, Papéis, Objectos vários (Komono), Lembranças.
A tralha da nossa casa insere-se invariavelmente numa destas 5 categorias, a ordem de arrumação não é por acaso (do mais fácil ao mais difícil, no que à alegria diz respeito e por categoria, não divisão da casa) e o modus operandi é o centro deste livro, com muitas dicas práticas de actuação.
3 - Ao destralhar, não estamos a escolher o que descartar, mas sim o que manter. Apenas fica o que nos interessa e tudo o resto vai embora. Importante reviravolta no pensamento da coisa.
4 - Uma cozinha que nos traz alegria não é uma cozinha que seja fácil de manobrar (de alcançar os utensílios), mas sim uma cozinha que seja fácil de limpar. Só assim ela nos dará vontade de cozinhar, porque vai estar facilmente limpa. E uma cozinha fácil de limpar é uma cozinha em que tudo está guardado, até a esponja e o detergente, e sobretudo o que estiver no raio de alcance de salpicos do fogão. Os temperos cá de casa vão ter de ser relocalizados, definitivamente.
5 - Arrumar é o acto de nos confrontarmos. Limpar é o acto de confrontar a natureza.
Não faz todo o sentido?! Quem desarruma, quem acumula somos nós, cabe a nós arrumar, para nos pormos na ordem. A sujidade é da natureza, é inevitável, toca a todos. Por isso é que muitos de nós temos a “mania” de arrumar antes de vir alguém limpar, porque a desarrumação é nossa e reflecte a nossa vida, no fundo.
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