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Mulher

Marcas de Mães

Por Inês

A maternidade muda completamente quem somos, a nossa vida, a forma como pensamos e agimos. As prioridades mudam, tudo o que é importante muda. Não queremos perder-nos de vista nessa mudança, a nós, enquanto mulheres, enquanto pessoas, mas é inevitável perdermos a mão. 

Uma das maiores e mais evidentes mudanças está no nosso corpo, essa máquina extraordinária que produz bebés! Foi ele quem mais teve de transformar-se e adaptar-se à nossa nova realidade. Foi a sua pele que esticou, foram os seus órgãos que mudaram, foi o seu cérebro que deu o curto-circuito, foi ele que foi turbilhado em hormonas. 

Depois do bebé nascer a odisseia do nosso corpo continua. Ele continua em tsunamis hormonais. Ele tem quilos a mais. Tem peles a mais. Tem novas funções que podem sair-nos bem do pelo: amamentar, aguentar noitadas, semanas, meses de mau dormir, mau comer. Quando finalmente temos um minuto para olhar para nós, estamos um caco. Seja esse primeiro olhar uma semana ou 20 semanas depois do parto, naquele primeiro olhar, estamos um caco. Porque a primeira vista é sempre a mais dolorosa. O melhor é encarar de frente e olhar logo, voltarmos a ver-nos e a querer cuidar de nós o mais cedo possível. Porque tudo começa com o primeiro olhar, o mais duro. E apenas então começa o nosso resgate.  

Há de chegar uma altura em que podemos finalmente dar ao nosso corpo o que ele merece: comida light, exercício fortalecedor, cuidados revitalizantes. Ele precisa tanto e a nossa alma precisa ainda mais! Eu sei que se diz que é normal que tudo mude, que nada volta a ser como dantes e o corpo está incluído. Mas eu acho que não é tão radical. Não pode ser TUDO. É o MEU corpo. É onde esta o meu coração, a minha alma, é a minha máquina de vida, eu posso ter o direito, o poder, a vontade e a capacidade para mudá-lo, para reconhecê-lo. Para (re)transformá-lo. Se há coisa que eu posso controlar, é a minha carcaça. Os músculos, a pele, o peso. E isso pode mudar muito em nós.

É preciso muita força de vontade, é preciso ser-se realista, é preciso ser-se equilibrada.  Mas é preciso amarmo-nos e lutar pelo que queremos. Se eu tenho saudades do que eu tinha, vou lutar o possível para recuperá-lo. Eu não quero o corpo da Gisele, ele já é dela. Eu quero o meu corpo, o meu melhor corpo! E que jeitoso ele era antes dos trinta, antes das gravidezes. Já pareço uma velhota- a pensar que me queixava de um corpo que era tão "jeitosinho". Mas é verdade, é assim que estou, a lembrar o meu corpo tão jeitoso e nesse tempo é que era!

 Lembro-me de quando fiz 35 anos (o ano passado), foi um marco duro de roer. Metade dos trinta na minha pior forma de sempre. Foi em Fevereiro, quando já se está prestes a cortar o pulso por conta do Inverno que nunca mais acaba - mais depressivo, só Janeiro. A lutar pela amamentação, entre o pouco que produzia e o muito que comia. E o meu filho a crescer assim-assim, sem essa recompensa pelo meu esforço. Eu a comer mal (muito e tudo o que me aparecia pela frente), enterrada em camadas de roupa e fechada em casa. Foi aí o princípio da recuperação a sério, o fundo do poço. Foi quando percebi que já não estava a perder o babyweight, já estava a ganhar ou a manter peso por minha conta, por conta de não tomar conta de mim.

Foi pouco depois de ter deixado de dar de mamar que voltei às corridas e a fechar a boca de vez. É esse o meu método. Não sigo dietas nem tenho nutricionista. Já tinha falado sobre isso aqui. Apenas sou frugal na alimentação (pouca comida e muito simples - cozidos, estufados, grelhados, dieta mediterrânica) e tento controlar os disparates. E vou correndo para fortalecer. Faz bem ao corpo e à mente, sinto-me mais forte.

Hoje posso dizer que já perdi todo o peso que queria. Toda a minha roupa já me serve. Já começa a ficar larga. Não há nada melhor do que a nossa roupa ficar-nos bem, é a prova dos nove, é irrefutável. Nothing tastes as good as skinny feels, é verdade. A perda da gratificação imediata da comida é terrível, e eu peco muitas vezes, já cá podia estar há que meses, mas a recompensa de mais saúde, mais leveza, mais elegância, o que nos devolve o espelho é mais poderoso. E não é futilidade, estou a falar de todo o meu corpo, da minha embalagem. Apenas eu tenho este corpo e esta alma, e tenho de cultivá-los de forma diferente, olhar para eles com a mesma importância. Quem diz que um corpo é apenas um corpo e que não interessa em que forma está, das duas uma: ou está em negação e precisa de perder uns bons quilos, ou nunca esteve acima do seu peso ideal e não sabe do que fala. 

Mas a recompensa acima veio com um sabor agridoce. Pensava eu que tinha perdido o peso e estava toda eu maravilhosa, mas as marcas estão lá e não dão tréguas. Nem vou falar de celulite e do meu peito negativo, de tão mirradinho que ficou, nem vale a pena. São mesmo umas ondulações de gordurinhas estriadas e pele flácida em cheio na minha outrora lisinha barriga. É uma corcunda na cintura, se me distraio e não a encolho. É a pele flácida all around. Queixei-me amargamente no Instagram. Estava super frustrada com as fotos tão giras que o meu marido me tinha tirado, só conseguia olhar para a minha barriga, em fotos e mais fotos de paraíso! Obrigada entretanto por todas as vossas sugestões, palavras de apoio e simpatia, foi bom saber que não estamos sozinhas e que soluções existem!

 

 

Os quilos podem ter ido (continua a faltar 1,5 para os 55 kg) mas as marcas estão lá. Nem vale a pena falar do peito, evaporou-se o que era pouco, enfim! A minha barriga aguentou-se à primeira, mas a segunda gravidez não perdoou. O umbigo ficou ainda mais estranho, se não encolho a barriga, fica de 4 meses num segundo e tenho uns relevos, que ainda não sei se é gordura espalhada, pele a mais ou uma estranha forma de estrias. Será que vai lá com abdominais, massagens ou com o tempo? Eu tenho muitas saudades da minha antiga barriga (lisinha e rija...) e tinha esperança de voltar a encontrá-la no final da perda do babyweight! Fico lixada com isto, vou mas é fazer abdominais 😁 #inconfessaveis #nofilter #mombod #mumofboys #losingthebabyweight #eugostodemim #eumae

Uma foto publicada por Inês | eu,mãe (@eumae.pt) a Ago 9, 2015 às 3:44 PDT

Parece que não, mas passaram mais de cinco anos de transformação, e vou a caminho dos 37, por isso o nível de dificuldade vai subindo. Se eu vivesse sempre em clima tropical, estaria toda turbinada, garanto-vos! Nada como estar descascada para olharmos para nós e agir. Mas o peso eu já perdi, falta o resto. Este ano é para fortalecer! 

Próxima paragem: corrida dia 13 de Setembro. E agora vou correr e fazer abdominais feita maluca!

 

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3 comentário(s)

Inês Leal26 de Agosto, 2015 às 11:01:32
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olá Inês! está optima !!! para quem teve uma criança ( com / ou sem cesariana - desculpe que sou nova no seu blog!) está muito bem ...quanto as estrias e celulite não se preocupe...os nossos filhos compensam tudo ...há dias que estará mais "down" e outras mais "up" a olhar para o corpo que não vai voltar atrás ( à nossa juventude) mas faz parte...continue com o espirito de corrida e vida saudável! faz bem ao corpo e à mente! goste de si porque é uma mulher mãe e esqueça os pormenores ... está optima! beijinhos inês ( a nova leitora do seu blog!) - mãe de duas ! ps- dia 13 também lá estarei ... com pouco treino !

Inês S. 26 de Agosto, 2015 às 12:26:24

De Inês para Inês, mãe de dois, obrigada pelo apoio e bem-vinda! Nestas últimas semanas tenho corrido ZERO, mas são "apenas" 10km, lá estaremos! Beijinho e obrigada

Mia Relógio26 de Agosto, 2015 às 14:35:55
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Que testemunho tão bom. Obrigada por partilhares. Um beijo grande P.S. és linda.

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