Falar em fábula e os primeiros dias de parentalidade é realmente um paradoxo!
Não haja dúvida que todos os dias nos vendem a ideia da gravidez ser um “estado de graça”, do parto ser um momento de emoções fantásticas e únicas, da primeira vez que olhamos para o nosso filho, dos primeiros dias…. Mas bom, comprar este produto com esta propaganda deveria ser motivo de reclamação imediata à DECO. Talvez até ter direito a devolução do produto durante os primeiros 15 dias!
A minha experiencia não é definitivamente esta fábula! Nem a minha, nem a de muitas utentes que sigo regularmente. E é aqui que aparece a outra personagem desta história… a culpa! Culpa porque quando olhei para a minha pequenita, vi uma bebé que, apesar de ternurenta, se encontrava cheia de secreções, aspeto arroxeado, ar assutado… sim! Era aquela a minha filha! Mas não conseguia deixar de estar preocupado com o seu estado de saúde, o bem-estar da minha mulher… A invasão de adrenalina não me permitiu sentir o “amor incondicional” que tantas vezes vejo nos filmes de domingo à tarde… Aquele amor que me sentia obrigado a sentir!
E os seguintes dias não foram diferentes… ansiava “a subida do amor” e ele teimava em não aparecer! Cada dia dormia menos, ouvia mais choro, a paciência diminuía. Onde é que este ciclo ia parar?! Via a minha mulher, mãe da minha filha, com as dificuldades inerentes ao “ternurento” ato de amamentar. Porque é que também não era como nos filmes?! Porque é não era um momento cheio de unicórnios e corações mágicos a voarem entre mãe e filha?! Cada vez que a minha filha acordava, eu acordava também! Levantava-me apoiando a minha mulher, tentando consolar aquela pequena doçura que, por momentos, se transformava na banda sonora do inferno! Dava o meu colo, o meu amor. Parecia não chegar! A pequena sentia-se nua, despida, longe do conforto útero da sua mãe. Quando adormecia, eramos invadidos pelo silêncio, um sussurrar de paz. A pequena MG parecia um anjo. Uma voz vinha então da minha cozinha (ou do meu estomago, não sei bem!). Comia. Deitava-me. Desejava ter um botão off para adormecer instantaneamente. Mas não! Quando finalmente entrava numa nuvem de sonhos, disparava a sirene! Uaaa! Tinha a clara noção que ouvia o som dez vezes mais alto do que realmente era! Olhava para o relógio. Mais uma vez só tinham passado uns escassos minutos.
Hoje a pequena MG é um doce! Calma, serena! Adorou as rotinas que foram instituídas (falarei nelas mais à frente!). O tal “amor incondicional” esse… bem… tenho duas formas de o ver! A primeira, é um amor convertido em força e coragem nos leva a não desistir! A paciência de ouvir, de acordar, suportar e ainda assim dar carinho! Mas sem dúvida, não compro a ideia de um amor à primeira vista como nos filmes! É sim um amor que cresce dia-a-dia, com cada situação superada, com o primeiro sorriso, com a troca e partilha de sentimentos. Um namoro infindável! Sem dúvida que, a partir do momento que a pequena MG nos deu belas noites de sono, foi exponencial o seu crescimento! Pais tranquilos, permitem usufruir mais da relação, potenciar mais os seus filhos e viver mais o verdadeiro amor incondicional.
Culpa? Sim, para quem continuar com o negócio de compra e venda desta fábula!
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