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Queridas grávidas e recém mães, tomem lá um cházinho de cidreira

Por Inês

Farto-me de ler listas e relambórios sobre o que não dizer ou fazer a uma grávida. Que não se pode dizer isto, nem aquilo, 10 perguntas proibidas, 20 coisas que as deixam horrorizadas. Eu própria já tenho enumerado algumas inconveniências, já deixei a lista do que não dizer a uma mãe trabalhadora, por exemplo, por isso não é nada que eu não tenha sentido também. Empatia por grávidas e recém mães não me falta, que eu ainda lembro bem como foi quando por lá passei. 

De facto, há certas coisas que simplesmente não se perguntam a uma grávida ou recém mãe, logo para começar, se está grávida quando ela nada disse (imaginem só se a resposta for "não, estou apenas gorda"), ou perguntas remotamente escatológicas - a minha lista definitiva há de ser feita, fica a promessa para um próximo post!

Agora, uma vez que se sabe e a grávida está aparentemente radiosa, que há simpatia pelas pessoas, se são nossas amigas ou familiares, será assim tão ofensivo perguntar se foi planeado, se tem sentido isto ou aquilo, se já falta pouco perante uma barriga enorme, se a criancinha não terá frio, se mãe ou bebé ganharam muito ou pouco peso, como estão esses sonos, se mama ou dá biberão?

Eu própria não me senti muito invadida com perguntas parvas, inconvenientes, ou simplesmente constantes, talvez nessa altura já soubesse relativizar, por isso posso não lembrar o choque ou aborrecimento de ter perguntas inconvenientes atiradas a toda a hora, mas acho que as pessoas hoje em dia exageram um bocado na sua esquisitice, que diabo! 

É que eu muitas vezes me impeço de fazer perguntas assim às minhas amigas ou conhecidas, porque não quero ser inconveniente ou chata ou repetitiva, mas na realidade eu não quero ser abelhuda ou maldosa, eu quero apenas saber como aquela pessoa está, eu interesso-me por ela, ou quero fazer conversa com aquilo que me parece ser um tópico bastante importante para a grávida. É que podemos falar sobre a Passadeira Vermelha, não há problema nenhum, mas acho que é mais atencioso falar sobre o milagre da vida que está ali à minha frente. Isto sou eu a ser simpática, há que aproveitar!

Muitas vezes as pessoas fazem as mesmas perguntas de sempre porque querem ser atenciosas, porque não têm mais nada para perguntar mas interessam-se, porque querem relembrar a sua própria experiência, voltar um pouco às questões que para elas também foram dominantes.

Quando as pessoas desfiam um rosário de peripécias de gravidez, parto e puerpério não é porque queiram infernizar a vida da pessoínha, é porque esta é uma fase tão marcante que imediatamente as faz voltar a esse tempo, que deixou saudades, que as marcou, para o bem ou para o mal. E que tem que vir cá para fora para ajudar alguém, é inevitável. Exorciza-se, ajuda-se, passa-se conhecimento e experiência pela partilha. E vocês lá estarão, daqui a uns meses, a contar à desgraçada que têm à vossa frente como foi convosco, garanto-vos!

A sério, eu também fui uma grávida sensível, eu também fui uma recém mãe angustiada, mas as outras pessoas não são assim tão insensíveis, algumas não têm noção, mas no fundo elas querem partilhar, elas querem saber, elas querem reviver um pouco através das que agora estão grávidas.

Será preferível chegarem a um sítio e que ninguém vos ligue pevide? Ninguém pestaneje perante as vossas barrigas, ou perante a monstruosa coque com um ratinho lá metido? Se calhar começavam num instante a reclamar de como as pessoas são umas insensíveis, que não se interessam por nada nem por ninguém. Nem um "Oh burro, queres água"? É ou não é?  

A sério, se eu me dou ao trabalho de perguntar, estão cheias de sorte, porque o meu latim e tempo é tão precioso para mim quanto a vossa paciência e tempo é para vocês. E aproveitem enquanto os holofotes estão em cima das vossas cabeças, porque num instante se passa à grávida seguinte e passamos a ser apenas mais uma mãe. Portanto, eu sei que é difícil, que farta, mas ponham em acção o vosso sorriso 589, deixem que entre a 100 e saia a 1000, vão respondendo na medida do possível e tenham paciência com o próximo, porque isto da vida é mesmo uma aldeia e hoje vocês são o seu centro. Bebam um cházinho e relaxem!

 

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