Este é um tema que “atormenta” a maioria das mulheres durante a gravidez. Arrisco-me a dizer que talvez antes até, quando sentem vontade de ser mães, ou quando ainda nem sequer sentem vontade nenhuma, mas têm uma amiga/prima/irmã grávida.

Quer fale sobre isso em voz alta ou não, em algum momento já pensou se quando for a horinha de parir vai preferir parto vaginal ou cesariana, não?
Sei que há um ponto em comum para todas (dois vá): sofrer o menos possível (durante e depois) e o nascimento de um bebé saudável.
Todas as Mães querem que o parto seja um momento o menos doloroso e invasivo possível, bem como a sua recuperação. Além disso, o desejo de ter nos braços, rapidamente, um bebé saudável, é transversal a todas as mulheres que desejem ser Mães.

No texto de hoje não vou dizer-lhe se deve optar por um ou outro tipo de parto, vou tentar informá-la o melhor que sei acerca dos dois (sendo que pode sempre contactar-me aqui no Eu, Mãe ou na minha página Estamos Grávidos para esclarecimentos adicionais, pois fica sempre algo por dizer). Acreditando que, de forma consciente e informada, fará a melhor opção para si e o seu bebé.


Parto Vaginal

Como diria uma colega de profissão – e mentora – a minha querida Fisioterapeuta Maria João Alvito, as mulheres vêm equipadas de série para parir! O corpo feminino vem com os apetrechos todos para pôr um bebé no mundo! A sábia Natureza encarregou-se de o desenhar assim. E deixe que lhe diga que é maravilhoso ver, todas as alterações e adaptações que a Mulher sofre para gerar, desenvolver e trazer ao mundo uma nova vida!

O parto por via vaginal é a forma fisiológica para a saída do bebé. O corpo da Mulher está completamente preparado para este momento, como disse acima, portanto, são só vantagens, pois a recuperação do seu corpo é mais rápida e adquirirá, assim, mais autonomia para desfrutar cedo do seu bebé, tão cedo quanto possível.

Se há desvantagens? Posso garantir-lhe que, em condições clínicas e obstétricas normais, não há contra-indicações para o parto por via vaginal.

Agora, desvantagens? Poderia, a partir das conversas que vou tendo com grávidas, enumerar várias, que facilmente são rebatidas, quando explicadas. As desvantagens que estas consideram, por norma estão apenas relacionadas com falta de informação…e medo!!!! Podemos censurar? Não!
Fala-se da incontinência urinária, da episiotomia (o temido corte vaginal), da futura dor nas relações sexuais… Bom nada disto é mentira, mas também não é verdade absoluta, muito menos linear.


Incontinência urinária

Pode vir a sofrer de incontinência urinária, agravada pelo parto vaginal. Contudo, a grande causa desta disfunção, veja só, é a gravidez em si! Vou fazer uma analogia para me explicar melhor. Imagine um caixote de papelão a suportar uma carga maior que aquela para a qual foi concebido, durante algum tempo. Aquela fita adesiva que une as duas abas do fundo do caixote, sujeitas a peso a mais acaba por ceder, certo? Agora pense que o fundo do caixote é o seu pavimento pélvico (conjunto de estruturas que sustentam todo o peso extra da gravidez) e o que lhe acrescenta seria o seu peso extra, o peso do bebé e tudo o que este acresce. A estes fatores mecânicos, juntamos fatores químicos para sabotar a eficácia dos esfíncteres e estaremos perante quadro de incontinência urinária!
Esta, por norma, naturalmente ou com auxílio de um bom plano de Preparação para o Parto e Recuperação Pós Parto, será revertida.



Dores nas relações sexuais

Pois é, tão ou mais temida que a dor do parto, é a – possível – dor ao retomar a atividade sexual!
È normal que se preocupem com esta parte, pois é uma parte muito importante da relação. O parto vaginal não lhe deixará marcas definitivas que impeçam de retomar a sua vida sexual. Mesmo que seja submetida ao terrível do corte (noutro momento falaremos dele com mais pormenor!).
Não há prazos para que a coisa se dê de novo, è como lhe parecer razoável.
O meu conselho é, se houver queixas, fale delas ao seu médico, não pense que vai ser assim para sempre. Tem solução.
Se é das mulheres que retoma em pouco tempo o desejo de ter relações com o seu companheiro e estas lhe dão prazer, ótimo! É uma afortunada.
Se passou bastante tempo e continua com uma espécie de aversão ao sexo, considerando que é uma Mulher inteligente e, por isso, sabe que para manter o equilíbrio, a estabilidade e a FELICIDADE na sua relação, essa é uma parte que não deve descurar, deve caminhar no sentido de reverter a situação. Comece pela reaproximação, com carinhos, mimos, aceite o aconchego do seu companheiro, disponha-se a essa entrega de novo, o resto fluirá, com certeza.


Recapitulando: desvantagens do parto vaginal…

Embora, clinicamente, em condições normais, não existam desvantagens, nem para Mãe nem para o bebé…
Deixarei que sejam as Mães a perceber e, como referi acima, de forma consciente e informada decidir, se para elas há, ou não, desvantagens.



Cesariana

A cesariana é uma cirurgia. Tem todas as desvantagens deste tipo de procedimento. Será contudo necessária em alguns contextos.

Na minha humilde opinião, não deverá ser primeira opção uma vez que possui riscos acrescidos para si e para o bebé.

Vantagens
Hora e dia marcados! Se quer agendar o nascimento do seu filho, esta será a melhor opção. Contudo, não se esqueça que os prazos aqui são estimativas e os bebés às vezes trocam as voltas aos adultos, mesmo ainda dentro da barriga.
Depois existem razões para que se opte por cesariana como, a títitulo de exemplos, sofrimento fetal, incompatibilidade feto-pélvica, placenta prévia, descolamento de placenta, entre outras.


Realizar uma cesariana, não é colocar uma abertura na barriga, que, quando se abre, sai o bebé, e se fecha até o próximo. A cesariana implica o corte de várias camadas do corpo e “desvio” de alguns órgãos e estruturas para trazer o bebé ca para fora.
A recuperação é mais lenta e a perda de autonomia é maior. Quanto ao bebé, bom, o trajeto que este faz pelo canal vaginal tem alguns propósitos que, embora alguns consigam ser simulados pela cesariana, fazem diferença na forma como este perceciona o seu nascimento.
Imagine-se com phones na praia, relaxada e chega um grupo de 100 crianças a correr, a saltar e a atirar areia… É assim que o bebé, habituado a silêncio e escuro, se vai sentir, sem as contrações a avisá-lo que vai nascer, a ficar sem líquido amniótico de repente, a ficar frio, a ser empurrado pelo rabo e a levar com um golpe de luz nos olhos. Gostará ele disto? Não me parece mas…



Em jeito de conclusão…

A decisão do tipo de parto é exclusivamente do casal. Contudo, este deve estar receptivo ao aconselhamento da equipa que os acompanha, tomar a sua decisão com base em informação fundamentada e perceber que poderá ser necessário alterar o plano de parto consoante a evolução do mesmo e da gravidez.

Sem censuras nem julgamentos, decidam pelo melhor para vocês e o vosso bebé!
Beijinho,
S.

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