Como pais, todos queremos o melhor para os nossos filhos. Protegê-los da dor, do sofrimento e das dificuldades da vida. Embora saibamos que o sofrimento é inevitável (a inexistência de algum grau de sofrimento não é compatível com o curso da vida), esforçamo-nos para prevenir este sofrimento, para o minimizar ou mesmo eliminar totalmente. Mesmo sabendo que tal não é possível...

Ao ler este texto dei por mim a refletir como provavelmente temos (tenho) estado a fazer tudo ao contrário e, ainda por cima, num esforço verdadeiramente infrutífero.

De facto, não podendo evitá-lo, a melhor ferramenta que podemos dar aos nossos filhos é prepará-los para algumas (muitas!) turbulências que a vida tem e garantir-lhes que vamos atravessá-las com eles. Que estaremos lá para lhes dar a mão, colo, palavras de incentivo e consolo. O que for preciso. Não podemos dizer-lhes que nunca nada de mal (lhes) irá acontecer. Não sabemos. Ou melhor, até sabemos, pela nossa experiência de vida, que isto seria uma grande mentira! Não temos forma de prever o que irá acontecer. Não estamos, nem podemos estar, permanentemente ao pé deles, a zelar pela sua segurança, bem-estar e conforto. Pelo que os outros lhes fazem ou dizem. A tirar todas as pedras do caminho.

Mas podemos ser modelos de resiliência e segurança face à adversidade. Mostrar-lhes que os desafios se enfrentam com algumas lágrimas (sim, não faz mal verem-nos a chorar!), mas também com sorrisos e persistência. Que quando caímos nos voltamos a levantar. E que quando os enfrentamos de mãos dadas, eles se tornam mais leves, mais fáceis e menos intransponíveis.

E provavelmente, isto é mesmo o melhor que podemos deixar aos nossos filhos.

Tatiana

Psicóloga Clínica de Crianças e Adolescentes/Aconselhamento Parental

Psikontacto, Coimbra