Rotinas de início de ano estabilizadas. Roupas de verão guardadas em caixas. Tardes de domingo com manta, chá e bolachas. Já começou a roda viva das atividades extra-curriculares e em muitos casos o stress da preparação para os primeiros testes. E, lentamente, volta a instalar-se aquele pensamento que não nos larga, aquela dúvida existencial (que no verão fica mais adormecida à beira mar, entre muitas brincadeiras e tempo de mais qualidade): estarei eu a fazer tudo o que eles precisam? Estarei eu a fazer as coisas da melhor maneira enquanto mãe? Estarei a fazer tudo na perfeição?
A boa notícia é que os nossos filhos não precisam de mães perfeitas. Precisam daquilo que Donald Winnicott, pediatra e psicanalista, já nos anos 50 designava por “mães suficientemente boas”. Depois de observar centenas de mães e bebés, ele concluiu que as crianças beneficiam de mães que não são perfeitas e que falham. Sempre que como mães “falhamos”, seja porque não naquele dia não tivemos vontade de fazer o jantar e eles comeram pão com queijo e fiambre, seja porque prometemos levá-los ao parque mas uma mudança de planos de última hora não permitiu, estamos a ajudá-los a construírem-se com crianças mais resilientes.
Na verdade, não podemos impedir sempre o sofrimento deles… embora gostássemos! E quando por vezes os desapontamos eles aprendem que conseguem lidar com isso e ganham maior confiança na sua capacidade de lidar com emoções negativas.
Mas, se nos agarrarmos à ideia que temos de ser perfeitas, acabamos por nos convencer que não somos suficientemente boas, arrastando-nos num ciclo de criticismo e culpa. Mais vale usarmos esta energia para passarmos tempo de qualidade com eles e focarmo-nos no pensamento que mesmo não sendo perfeitas, tentamos sempre dar o nosso melhor (cheio de imperfeições).
Tatiana
Psicóloga Clínica de Crianças e Adolescentes/Aconselhamento Parental
Psikontacto, Coimbra
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3 comentário(s)
Obrigado pelo que escreveu. Tudo o que possamos dizer ou escrever sobre o bem estar e educação dos nossos filhos, será sempre pouco. Infelizmente esta "Era" dos tempos "modernos", deixa pouco tempo às mães para estarem com eles; quase que podemos escrever: "Não foi "isto" que pensamos para eles quandos os quizemos trazer a este mundo cheio de stress." Talvez para a próxima, será melhor arranjarmos mais tempo para lhes fazer o jantar, ou a alteração de planos de última hora, seja mesmo levá-los ao parque; e que tal aconselhar-mos as mães a não passarem horas a "mexer" nos telemóveis ?? Um abraço. Belmiro Cordeiro
As crianças não se importam de comer de vez em quando, um pão com queijo e fiambre, ou de não ir ao parque brincar. Aquilo que as crianças dão realmente importância é ao bem estar emocional no seu lar. É claro que, a maioria das crianças, não vai comentar sobre as discussões em casa ou sobre o mau ambiente que existe no meio da sua família. Mas, bem no subconsciente da criança, ela poderá estar a chorar em silêncio. O lar é o suporte, é o pilar, é o que dá força a qualquer criança para enfrentar o stress da sociedade. Todas as decisões que a criança irá tomar ao longo da sua vida, serão baseadas nos ensinamentos e bases que o lar lhe proporcionou. Para uma mãe e para um pai, é sempre mais fácil ter receios, pois isso irá desculpar os seus fracassos e o seu desleixo. Os pais que insistem em não querer deixar de ser crianças, nunca vão conseguir educar um filho. Antes de educar um ser é importante sermos também nós educados. É importante perceber que aquele telemóvel topo de gama ou aquela modelo que anda com o nosso chefe, não é o mais importante na vida. O mais importante, no fim do dia, é o beijo de boa noite que damos ào deitar, às nossas crianças.
Adoreiiii parabéns muito legal seu blog.
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