Nas férias de Verão li o livro “A Culpa não é sempre da mãe”, da Sónia Morais Santos. Ri e chorei com algumas das histórias contadas, mas sobretudo refleti sobre esta culpabilidade materna, transversal à maior parte das mães com quem me vou cruzando. A culpa materna…. As mães são famosas por ela. Alguma coisa corre mal na vida de um dos nossos filhos e… lá está ela. O que foi que eu fiz (que levou o meu filho a ter este comportamento)? O que é que eu não fiz? Será que não fui uma boa mãe? Será que não lhe prestei atenção suficiente? Será que lhe prestei demasiada atenção? Estarei a dedicar-me demais ao trabalho e pouco aos meus filhos? Seja qual for o tópico ou a questão, o sentimento é quase sempre o de que o que fazem não é suficiente. Ou totalmente certo. Ou perfeito.
Mais recentemente, li num outro local, que a culpa materna pode dividir-se em dois tipos: a culpa “útil” e a culpa “neurótica”.
O primeiro tipo de culpa pode ser visto como o lado positivo da culpa:
- Por exemplo, se, por uma série de razões as mães não estiverem a investir tempo suficiente na relação com os filhos (e a definição do que é tempo suficiente varia de família para família) há uma grande probabilidade de se sentirem culpadas e este sentimento pode ser o sinal que há alguma coisa que têm que mudar, prioridades que têm que redefinir. É uma espécie de sinal de alarme interno, que relembra que podem não estar a dar a devida importância aquilo que é realmente prioritário.
- A culpa pode servir como uma fonte de motivação para fazerem alguma coisa. De facto, ninguém gosta de trazer às costas sentimentos de culpa e, por isso, ela pode impulsionar a mudança para sermos quem realmente gostávamos de ser.
No entanto, na maior parte das vezes a culpa surge mesmo quando as mães dão o seu melhor, quando estão a fazer o que podem e como podem (e sabem) para investir nas relações com aqueles que lhes são mais queridos. Neste caso, estamos já perante a culpa “negativa”, tantas vezes determinada pelas expetativas que a sociedade coloca na mulher/mãe. A pressão para que as mulheres sejam super-mães, super-profissionais, super donas-de-casa. E a grande questão é que ninguém consegue ser super em tudo ao mesmo tempo. Esta procura da perfeição não é boa para a mulher nem para a sua família e está na origem de um permanente sentimento de falta, e de uma procura de alguma coisa que complete o que já temos, que melhore aquilo que quase sempre já é tão bom.
Este tipo de culpa é imobilizadora, não deixa avançar e mina a auto-confiança.
Por isso, as mães precisam de ouvir que estão autorizadas a errar. Que estão autorizadas a dizer aos filhos aquilo que não devem, de vez em quando. Que podem por as suas necessidades lado a lado (ou mesmo à frente) com as dos filhos, sempre que sentirem que precisam. Que devem seguir os seus instintos (e não os da prima, da vizinha ou da amiga).
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