Somos muitas! Infelizmente cada vez mais. Infelizmente bem mais do que deveria haver. Somos divorciadas, solteiras, separadas, emancipadas, ou apenas presas numa realidade que não escolheram porque o marido teve de ir para fora trabalhar. São muitas! Imensas! Tantas mães que cuidam dos filhos sozinhas.

Um viva a todas! Sim, um viva a mim também, não me vou por com falsas modéstias. Um viva a nós que carregamos o Mundo nos braços e o empurramos com a barriga porque as mãos estão sempre ocupadas com filhos, com casa ou com trabalho.

Um viva a nós que nos levantamos de manhã já cansadas e fazemos um esforço incrível para arredar o pé da cama, despachar filhos no meio de um duche e responder a emails com uma mão enquanto a outra enfia as torradas na torradeira. São 8:00 da manhã e já só queria um pouco de sofá.

Um viva a todas que, depois de despejar filhos na escola ou nos ATL's, porque muitos já estão de férias, seguem para o trabalho. Já de rastos mas impecáveis e frescas.

Um viva a todas nós que, passamos 8 horas de trabalho a fazer pela vida.

Um viva a nós que, depois do trabalho já só queríamos um pouco de sofá mas ainda falta passar no supermercado, apanhar os filhos na escola, no ATL ou nos avós. Que carregamos os sacos, as perguntas sem fim das crianças e o trânsito.

Um viva a nós que respondemos mentalmente a mensagens e e-mails e, quando damos conta, metade das mensagens e dos e-mails ficaram literalmente sem resposta.

Um viva a nós que chegamos a casa, sozinhas com as crianças, com os sacos e com o correio. Que atiramos as crianças para a televisão meia hora só para tirar a louça da máquina e estender uma roupa. E o sofá que nunca mais chega!

Um viva a nós que vamos por o arroz ao lume enquanto orientamos os banhos e pomos mais uma roupa na máquina, deixamos mais um telefonema por atender e espreitamos o forno para ter a certeza que o peixe não queima. E cada vez mais nos apetecia um pouco de sofá.

Um brinde a nós que tentamos separar uma bulha de filhos à distância enquanto arrumamos a casa de banho e penduramos o tapete da banheira. E o sofá cada vez mais perto mas ainda tão longe!

Um viva a nós que finalmente nos sentamos à mesa para jantar e para tentar ter a única meia hora de conversa olhos-nos-olhos com filhos durante o dia. E que, mesmo almejando sentar o traseiro no sofá, ainda conseguimos mostrar interesse nas coisas que nos contam, empatia com as suas preocupações e um sorriso de orgulho com as suas histórias.

Um viva a nós que nos arrastamos até à cozinha já sem forças, enfiamos a louça na máquina com um olho meio fechado e as costas a pedir descanso. E já só queríamos um pouco de sofá!

Um viva a nós que enfiamos os filhos na cama com uma chuva de beijos e declarações de amor já com dois olhos meios fechados, as costas a pedir descanso e os pés a pedir uma paragem de emergência. Sofá! SOS! Sofá!

Um viva a nós!!! Um viva bem alto!!! Que finalmente chegámos ao sofá! Depois de carregar o Mundo o dia inteiro. Depois de empurrar a vida com o coração. Porque as mãos estão sempre ocupadas. Sozinhas! E que, mesmo aproveitando o sofá apenas 10 minutos até os olhos e o corpo serem vencidos pelo cansaço, no dia seguinte voltamos a acordar! Cansadas mas prontas para empurrar o Mundo e a vida para a frente! De sorriso na cara. Sozinhas. Mas de armas em punho e a chamar por um pouco de sofá!

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