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Crónicas de uma Mãe Divorciada | Ser mãe de um rapaz deve ser quase tão difícil quanto ser pai de uma rapariga

Por Kiki

Apesar da distância, olho para a minha filha e tenho bem presente o que eu vivi e senti com a idade dela. Apesar de ela ser diferente de mim, da infância dela estar a ser diferente da minha, consigo reconhecer a maior parte das suas emoções, das suas dúvidas, até das suas brincadeiras.
Vejo-a agarrada às barbies, aos pequenos diários cheios de autocolantes e ao seu cuidado com as suas coisas e reconheço-me. Vejo-a preocupada com a roupa e a pentear-se em frente ao espelho e revejo-me. Oiço as suas questões, os seus comentários às situações e revejo-me completamente!

Agora tentem rever-se num miúdo de 5 anos enquanto, todo nú a entrar para o banho, estica o pirilau até onde pode e grita:
- Mãeeeeeeee!!!! A minha pilinha vai quase até à luaaaaaaa!!!!

Really? E o pior é que nem tenho o pai da criança aqui ao lado para lhe dizer:
- José Alexandre, diz-me que não fazias isto também!!!!

Ou então para ele sentir empatia com o comportamento animalesco da criança. Eu só consigo rir-me e pensar "o que me havia de calhar!..."

Ser mãe de um rapaz é maravilhoso! A minha filha, apesar de muito meiga, não é apaixonada por mim como ele. Muito menos me faz as declarações de amor que ele faz. Mas a verdade é que ela também não passa o dia inteiro a insultar o irmão fazendo piadas com o rabo dele nem com o hálito a cocó. Ou a rir às gargalhadas com a soltura de gases. (Sejam eles superiores ou inferiores.)
A sério que não há paciência!!! As meninas são tão mais do que piadas de puns e rabos. E o pior é que eles crescem e não muda grande coisa.

Os homens são bem mais básicos que nós e isso nota-se desde tenra idade. Na semana passada levei os meu filhos a um museu de arte moderna. Achando eu que estava a ser uma mãe incrível por proporcionar-lhes estas experiências de enriquecimento pessoal. Enquanto ela (mulher) olhava deslumbrada para os quadros e obras e tentava perceber o que via, comentava, dissertava e fazia perguntas, ele olhava deslumbrado para os extintores afirmando convicto que os bombeiros tinham o trabalho facilitado em caso de incêndio... A sério!! Eles são básicos!! Muito mais básicos que nós. (Vai haver quem ache que são práticos! Muito mais práticos que nós!) Enquanto ela me perguntava porque é que a senhora do quadro tinha um olhar triste, ele espreitava para a parte de trás das paredes falsas dizendo que aquilo era tudo uma fraude porque as paredes eram de madeira. (Percebem? Básicos! Muito mais básicos!)
Ela, envergonhada, pergunta-me se os senhores nús que dão um abraço num quadro são namorados. E ele? Nem viu! Mas viu um velho buraco de um prego numa parede e perguntou: mãe, acha que alguém pôs ali uma bomba?

Enquanto que com ela é fácil ter empatia com a sua sensibilidade (e ela com a nossa), com a sua inteligência emocional e com a forma como ela entende muito para além do óbvio o que se passa na vida, com ele... Enfim! Ele põe espuma no cabelo e dança todo nú em frente ao espelho! Tenta fazer barulhos de traques com a mão na sovaqueira! Quer mudar o nome para Rui Patrício! E acha que poder beber cerveja vai ser apogeu da sua vida adulta!

Ela quer salvar o mundo, ele quer ter um supermercado para eu poder ter cerveja à borla!
Percebem a diferença? Não muda muita coisa na vida adulta.

Basicamente é como ter um prato de Foie Gras com cebola confitada (e tostas de brioche) e uma sande de torresmo. Em guardanapo!

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