A nossa geração deve ter sido a última a crescer acreditando na "dura" realidade dos contos de fadas.
"Casaram e viveram felizes para sempre!" (E foi com cada balde de água fria!)
Infelizmente, as gerações posteriores já cresceram a dividir fins‑de‑semana com pais e mães e a verem os amigos com a mesma jiga-joga de dias e férias em vários sítios.
Não sei o que lamento! Se o facto da realidade vista pelas crianças ter mudado, se o facto de já não acreditarem em contos de fadas. Ou tudo ao mesmo tempo! A mudança toda é de lamentar mesmo.
Mas custa-me ainda mais ver os meus filhos, com 5 e 7 anos, a emitirem juízos de valor sobre estes finais de histórias românticos.
Enquanto víamos a apresentação de um filme da Disney em que o voz-off da televisão dizia "E viveram felizes para sempre!" a minha filha indignou-se.
- Oh mãe! Estas histórias acabam todas da mesma forma!!! "E viveram felizes para sempre!" - diz ela com uma voz fininha em tom de gozo - E ainda por cima, não é sempre assim, pois não?
Gelei! A minha filha, aos 7 anos, chegou à mesma conclusão que eu cheguei aos 31! Algo aqui mudou. E muito!
E depois vem ele, sempre muito prático e desenrascado.
- Então vou contar uma história diferente! Era uma vez uma Princesa! Muito bonita! Que tinha uma camisola azul e uns brincos de bolinhas (percebi que me estava a descrever). Um dia essa Princesa casou com um Príncipe. Só que o Príncipe foi-se embora para muuuuuuuito longe, montado no seu cavalo. E então a Princesa teve de procurar outro príncipe para se casar outra vez! E encontrou! E então viveram outra vez felizes. 'Praí durante 6 anos!
- 6 anos??? Só??? O segundo príncipe podia ser para sempre, não achas?
- Não! A história é assim!
Bonito! Bonito ver que o leite derramado não os deita por terra. Que eles sabem que o caminho faz-se para a frente. Bonito ver que eles já têm (tão prematuramente) uma visão mais real da vida.
Mas assusta-me! Não era este o exemplo que eu queria que eles tivessem. Não era assim que eu queria que pensassem. Com esta leviandade de "não dá, arranja outro!"
Queria mesmo que eles crescessem com a ideia de que o "viveram felizes para sempre" existe e é possível.
Só consegui(mos) passar-lhes o "viveram felizes para sempre, um fim‑de‑semana em cada casa, e há de vir outro príncipe um dia!"
Porra! Bem sei que a felicidade vem em várias formas e pacotes. Que se vai construindo com aquilo que nos vai sendo oferecido. Que esta é a felicidade que eu tive para lhes oferecer. Que não é má. Apenas diferente da expectativa que eu tinha.
Quem estava errado? A Disney e todas as gerações que cresceram com ela?
Ou os nossos filhos que encontraram uma realidade distorcida e leviana de fastlife com ketchup em cima?
Questões! Questões! Não tenho resposta...
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