Estávamos os três no supermercado. O meu filho mais novo ainda cabe na cadeira do carrinho das compras e confesso que me dá um jeitão.
- Mãe, gostava mesmo de ter uma mana!
- Para quê?
- Para poder andar com ela ao colo enquanto a mãe empurra o carrinho das compras.

Toda a vida quis ter 5 filhos. A verdade é que também fiz planos para uma empregada interna, uma carrinha volvo e um jardim com um labrador e nada disso aconteceu. Depois de ter chegado ao 2º filho, que me deu tanto trabalho que me deixou traumatizada, e de ver o que custa ter um filho, as ideias puseram-se logo a milhas do número 5!
Ter um filho não implica só dinheiro para o vestir, calçar, alimentar e educar. Implica também ter tempo para nos sentarmos com ele a conversar sobre o dia na escola, a contar uma história, a explicar que tem de limpar a boca antes de beber água e que não se limpa o ranho na manga da camisola.
Fazer isto com 2 filhos quando não se tem empregada em casa e quando se tem um horário completo de trabalho, já é complicado. E mais ainda quando não podemos pedir ao pai para lhes dar banho enquanto tratamos da máquina de roupa e do jantar, ou quando não podemos gritar da casa-de-banho: Manel!!!!!!! Desliga a bimby se faz favor que eu estou a dar banho ao Miguelinho!!!!

Depois de me separar, com o trauma causado por um bebé que não comia, não ficava com ninguém, tinha crises de asma constantes e acordava 5 vezes por noite até aos 2 anos e meio, e com o trauma de uma separação, a última coisa que pensava era em mandar vir mais um desgraçado ao Mundo!!
Mas agora eles já estão crescidos! Agora eles já não dão tanto trabalho! Finalmente consegui voltar a embevecer-me com recém-nascidos. Até há pouco tempo atrás, as barrigas de grávida que via na rua davam-me náuseas e os carrinhos com bebés pequenininhos faziam-me urticária!!
Maminhas doridas, noites sem dormir, arrota e não arrota, engasga e não engasga, caga não caga, síndrome da morte súbita, começam a andar e só fazem merda! Ui que medo!!!
Tenho a certeza que, se encontrar um homem que já tenha filhos, não me vou meter na loucura de voltar à dependência de um bebé recém-nascido. Mas se encontrar um homem que não tenha filhos e queiramos os dois entrar nessa aventura, quem sou eu para lhe negar esse privilégio!!
E a verdade é que eu acho que me sentiria muito mais completa com o número 3 do que com o número 2. E com uma empregada também!

A conversa lá em casa é recorrente.
- Mãe, posso ter uma mana?
- Não me parece querida... Só se a mãe voltasse a casar.
- Com o pai?
- Não. Com outro senhor.
- E o bebé era meu mano?
- Claro!
- E era filho do pai?
- Não! Era só filho da mãe e tinha outro pai.

Os meus, os teus e os nossos! Podemos estar a criar adultos meios loucos, mas vão ser uns craques em matemática e raciocínio lógico!

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