Quando me separei, eles eram muito pequeninos! A Gigi tinha acabado de fazer 4 anos e o Vicente mal tinha feito 2 anos.
E se ele não tem quaisquer memórias dos pais juntos, as que ela diz ter, eu acredito serem parte da sua imaginação. Eu vou deixando-a fantasiar as suas memórias felizes porque acho que lhe sabe bem! E a mim, alivia-me.
- A mãe lembra-se quando os pais ainda estavam juntos e íamos ao parque? O mano era muito pequenino!
- Claro que me lembro!!!
Não faço a menor ideia do que será não ter memórias dos pais juntos. Parece-me triste, mas eles vivem bastante bem com isso e eu acabo por descartar uma culpa que me persegue e que tento que não nos (me) consuma.
Por vezes surgem perguntas deles. Querem saber como os pais se conheceram, como foi o casamento, etc. E não cabe nas suas capacidades de percepção que eu tenha feito parte não só da vida do pai como o pai tenha feito parte da minha. Ou que pessoas que fazem parte da vida um do outro, tenham um dia convivido com ambos. Parece que a nossa relação se resumiu ao casamento, ponto!
- Mãe, este fim de semana estivemos com o Tio Manel.
- A sério?
- Sim! O Tio Manel é irmão do pai!
- Eu sei querido! A mãe conhece!
- Conhece???
O mesmo se passa quando abrem o álbum de fotografias do casamento. (Claro que tive vontade de o deitar fora! Mas depois, num rasgo de bom senso, achei que o devia guardar para eles.) Vêem os amigos do pai com quem costumam estar e ficam muito admirados por terem lá estado e por eu aparecer nas mesmas fotografias.
A minha participação naquela realidade ficou pelo caminho, tal como a do pai na minha pequena-aldeia. E por muito que ambos não façamos mais parte da vida um do outro, estas realidades que um dia se misturaram e aconteceram em paralelo, são hoje, em separado, a realidade dos meus filhos. Com todas as pessoas que fizeram parte da nossa vida enquanto casal e mais umas quantas novas que foram surgindo.
Embora lhes faça alguma confusão, eles vivem lindamente com isso. Vão construindo novas memórias e tentando questionar, montar e encaixar [e fantasiar] as antigas. E aquela que um dia foi a minha história, será para sempre a deles! Numa construção de identidade que é de todos!
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