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Baby Blues | São também estas As Maravilhas da Maternidade

Por Soraia Pires

A Inês já nos escreve há muito – e tão bem – sobre as maravilhas da maternidade. Eu hoje vou fazer de advogada do diabo e dar-vos uma perspetiva diferente das “maravilhas”, mas não menos importante.

Os momentos que procedem o parto são um misto de emoções. Os pais sentem em simultâneo uma alegria imensa mas também um enorme desgaste.

Naqueles primeiros momentos, muitas sentiram - ou sentirão – uma grande ambiguidade de sentimentos. Sentiram-se a transitar rapidamente de um estado de pura felicidade, ao ter nos braços um filho, para o vazio pelo receio de não estar à altura, bem como outras coisas, também menos boas, como melancolia, tristeza, alterações humorais… certo?

A estas ondas oscilatórias gigantes no seu estado emocional chamamos Baby Blues.

Pode acontecer que você mesma não consiga perceber que anda assim oscilante. Por outro lado, se conseguir essa auto-análise, por um momento poderá até censurar-se ao perceber que sente coisas que não devia sentir num momento, supostamente, pleno de felicidade, mas, não deve fazê-lo!!! Não seja dura consigo. Deixe as emoções fluírem. Todas nos transmitem mensagens importantes.

O Baby Blues está relacionado com as mudanças hormonais e é expectável que aconteça uns dias após o parto.
Além desta happy hour hormonal, há um certo (grande) desconforto com a parte física, que se encontra debilitada e a montanha-russa de horários e rotinas que baralham o sistema.

O Baby Blues caracteriza-se então pelo conjunto de alterações emocionais que poderá vir a sentir nos dias seguintes ao parto. Há sinais muito evidentes, porém, se se sentir mais segura, partilhe, ainda durante a gravidez, esse assunto com o seu companheiro, um amigo ou familiar.

 

“Se tenho o meu filho nos braços porque parece que ainda estou grávida de quatro meses?”

O bebé já cá estará fora mas a barriga pode continuar a assemelhar-se a de uma gestação de algumas semanas, terá dores e o desgaste físico de cuidar de um bebé, principalmente nos primeiros momentos, far-se-á sentir.

O corpo precisará de tempo para voltar à forma que tinha antes da gravidez, por dentro as alterações continuam a acontecer, só não é num piscar de olhos. Isto requer paciência e também vontade de retomar a forma física. Posso aqui sugerir-lhe que, mal lhe seja possível, inicie o plano de Reabilitação Pós-parto. Vai sentir-se com outra energia, pelo exercício, por estar a fazer algo por si e por socializar, com também recém-mamãs.

 

“Como reconhecer o Baby Blues?”

Pode perceber alguns sintomas como incapacidade de se concentrar ou dormir, alterações de humor, irritabilidade, alterações de apetite, preocupação excessiva, cansaço, ansiedade e até sensação de “desprazer” em ser Mãe.

Nas aulas de Preparação para o Nascimento, por norma, este tema é abordado. Assim sendo, ressalvo a importância de fazer-se acompanhar nas sessões por alguém próximo (companheiro, mãe, prima…). Se não conseguir identificar estas alterações em si, terá alguém informado que poderá apoiá-la, caso necessite.

 

“Vou sentir-me assim até quando?”

No decorrer das primeiras semanas, após o nascimento do bebé, estes estados são normais, ou pelo menos, expectáveis. Em alguns casos a tristeza persiste por mais tempo.

Haverá alturas em que a responsabilidade de cuidar de um filho pode, assim à primeira vista, parecer demasiado pesada. A "ficha" da maternidade só cai, para algumas mulheres, depois de alguns dias com o seu bebé nos braços. E não há nada de anormal nisso, cada pessoa tem o seu tempo.

Irritabilidade, melancolia, tristeza… não são sinónimas de doença e acabam por se resolver naturalmente, à medida que vai ganhando confiança a desempenhar o seu novo papel - o de Mãe - e estabelecendo um ponto de equilíbrio entre o ser Mãe e ser Mulher.

 

Como é que isto me passa?

Como já disse, esse estado mais cinzento pode reverter naturalmente em pouco tempo. Contudo, uma mãozinha da família, dos amigos, bastante descanso (aproveitem para dormir quando o vosso bebé dorme!!!)  serão fundamentais para que passe de novo para o lado solar dos seus dias! :)

Este quadro muitas vezes é confundido com a depressão pós-parto devido à similaridade de alguns sintomas. As diferenças residem no historial prévio, na duração e intensidade dos mesmos.

Se os sintomas forem preocupantes - tais como pensamentos suicidas ou incapacidade de cuidar de si própria ou do bebé – converse com alguém da sua confiança ou peça, imediatamente, ajuda médica ao pediatra, ao obstetra ou, idealmente, a alguém especializado em Saúde Mental.

 

Como ajudar a Mãe com “os nervos”?

A melhor coisa a fazer às mulheres que se sentem assim é apoiar na gestão do stress, promover o descanso, ajudando-as nas tarefas domésticas e cuidados ao bebé, mas também, faze-la sentir que, embora exausta e sobrecarregada, tem sido óptima Mãe e continua uma mulher bonita. Estas sugestões são válidas para companheiro, amigos e família portanto, pode imprimir este trecho e distribuir.

Se vir que não é caso para tanto, então peça só um ombro para chorar e dizer mal da maternidade. Se confidenciar a uma amiga, ela não a vai julgar, o assunto vai morrer ali mesmo e vai sentir-se melhor. Quando tudo tranquilizar vai perceber que falar foi bom para deixar lá atrás sentimentos negativos.

Não se martirize nem se censure. As coisas são mesmo difíceis. Isto de ser Mãe não é um mar de rosas e quem lhe disser isso, estará a mentir.


Se precisar de um ombro, eu tenho dois (físicos ou virtuais)!

Beijinhos,

S.

 

Pode saber mais sobre a actuação da Soraia Pires na preparação e pós acompanhamento do parto no espaço Estamos Grávidos

 

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