A tartaruga Rita é tão desgraçada que ainda não teve direito a uma segunda fotografia, estou com ela todos os dias há quase um mês e não me tem ocorrido voltar a documentá-la.

A tartaruga Rita é a prova provada de que agora sou Mãe. Se ter dois filhos não bastasse para o comprovar, defender a integridade física da pobre da bicha põe-me decididamente em modo mãe e adulta e não em modo criança ou filha sem noção do espaço dos outros. É que agora, definitivamente, em vez de querer estar a toda a hora a mexer na criatura, a dar-lhe de comer, a agitar a água, a tocar-lhe na carapaça, a minha maior vontade é pô-la a salvo de todas estas acções que o Pedro lhe quer fazer, a minha missão é mantê-la em sossego, garantir que apanha um solinho bom de manhã e que passa o resto do dia na divisão mais quentinha da casa.

Passei da posição em que sempre estive em relação ao meu gatinho adorado, que era meu desde os 12 anos e viveu 18 anos a fugir de mim, tanto eu queria sempre estrafegá-lo, e passei para a posição da minha mãe, que deixava o gato em paz, apenas cuidava dele sem floreados, e na volta era idolatrada pelo bichano. Tenho a certeza íntima de que se a pobre Rita fosse um pouco mais comunicativa, um pouco mais vivaça, me teria em grande conta, que me idolatraria, vá. 

Por enquanto, não tem feito grande coisa, não tem muito que se lhe diga. Já lhe orientei um aquário a sério, que terá de ser posto em acção mais dia menos dia, mas até lá, andará na "incubadora", a sua piscina de plástico com palmeira. 

O Pedro adora a Rita, lá está, quer estrafegá-la com a sua curiosidade e amor. Coitadinha, o que lhe vale é que ela não chama muito a atenção sobre si própria, o miúdo lá a vai esquecendo.

Eu é que não posso esquecer-me de lhe ir tirando umas fotografias, até parece mal...