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Cronicas de Uma Mãe Divorciada | O Natal é quando o Homem Quiser e a Páscoa é Quando os Pais Puderem!

Por Kiki

Quando me separei, a minha maior preocupação foram os meus filhos. A minha maior dor foi para eles. O meu maior sentimento de culpa foi em relação a eles. É claro que é terrível ficar sem o marido, sem o companheiro, sem a companhia...

Mas eram eles quem mais me preocupavam. Nós, adultos, sofremos, mas temos a consciência que há de passar, que dias melhores virão. Eles não têm consciência do tempo, não têm a segurança de perceber que o depois será sempre melhor ou que o depois sequer chegará.

Morria por eles. Só me apetecia abraçá-los e pedir-lhes desculpa! Fazer um ninho no meu colo e prendê-los ao meu regaço para sempre! Para que criassem uma capa invisível e protectora de todos os males. A consciência de que eles estavam a sofrer por erros que não eram deles dilacerava-me! Apertava-me o peito de tal forma que a respiração ficava suspensa e a dor chegava a ser física.

Hoje olho para trás, olho para eles e sinto um orgulho imenso! Que crianças espectaculares que eles se tornaram! Não sei se merecia que me fossem atribuídos filhos assim e sei que tenho uma enorme responsabilidade em mãos. Carrego a missão de lhes mostrar o caminho e de não estragar aquilo em que eles se estão a tornar.

Sou uma pessoa positiva (já passei por muito) e a vida ensinou-me que o copo está sempre meio cheio. Que o que não tem remédio, remediado está e que não vale a pena chorar em leite derramado. Acho que eles agarraram nisso e hoje vejo duas crianças com um sentido de humor fantástico, com uma capacidade de resiliência incrível e só me apetece dizer: Bolas!!! Era mesmo isto!

Hoje sei que eles têm uma sorte incrível! Não por terem os pais separados. Mas por saberem aproveitar as oportunidades que a adversidade lhes trouxe. Aprendemos que as situações se adaptam à vida e a vida se adapta às situações.

O Natal não tem de ser na data convencional, a Páscoa não tem de ser quando o calendário manda. As coisas acontecem quando é possível! E desde que aconteçam com amor, nada mais importa.

O próximo fim‑de‑semana é do pai. O almoço de Páscoa não vai ser no Domingo, mas sim na sexta-feira. Eles não são infelizes com isso, antes pelo contrário! São uns sortudos!!! Porque o Natal é quando o Homem quiser e as celebrações de filhos de pais separados são quando dá mais jeito. Eles sabem disso e vivem isso com uma naturalidade que até a mim me espanta.

Respiro de alívio! Não há nada melhor do que vê-los felizes. Tão desejosos de irem para o pai como ansiosos por voltarem para a mãe. E eu, no meu íntimo mais egoísta, consigo levitar de prazer com as costas mais leves por não mais carregar o peso de um dia os ter feito sofrer.

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1 comentário(s)

Sandra18 de Fevereiro, 2016 às 15:08:47
Responder

Que lindo ... é pena não ser sempre assim.

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