A maternidade fez de mim uma pessoa com tendências um bocadinho ansiosas. É incrível como de repente, palavras como morte, tragédia ou catástrofes passam a soar com uma turbulência enorme na nossa cabeça. Comecei a ter medo! (O medo de andar de avião acentuou-se e muito depois disso!) Pensamentos estranhos que preferia não ter. Mas o pior mesmo foi passar a fazer algumas coisas que me fazem corar e pensar no ridículo a que uma pessoa chega.
Quando esta família passou a ser monoparental, fiquei ainda pior!!!!
Eu sou aquela ave rara que não come pastilhas elásticas nem rebuçados se estiver sozinha com eles! Tenho pavor de sufocar... Cair para o lado e deixá-los sozinhos em casa até alguém dar pela minha falta só no dia seguinte...
A minha filha já sabe, desde os 4 anos, desbloquear o meu telefone e ligar para a família inteira caso algum dia eu falhe. E sabe o número dos avós e dos tios de cor.
Agora já estão mais crescidos, mas quando eram mais pequenos, não lhes dava banho ao mesmo tempo caso estivesse sozinha em casa. Tinha medo de ter um AVC e de os afogar, assim sempre se salvava um! (Psychooooooo!!!!!!)
Das coisas que tenho mais medo, é de terramotos! Primeiro, vivo num prédio! Odeio a ideia de ter vários andares em cima da cabeça, mais uns quantos debaixo dos pés! Depois, vivo em frente ao mar! Ou seja, depois de levar com vários andares na cabeça, ainda sou a primeira da linha a levar com o tsunami em cima. Mas ainda pior que isso, é pensar que tenho de encontrar forças para tirar duas crianças da cama (uma delas do andar de cima de um beliche) e fugir para a rua só com dois braços!!!
Este sismo de Sábado à noite aqui em Cascais, foi uma espécie de simulacro... Com um simulador que eu preferia que tivesse sido bem menos real!
Crianças na cama. Mãe no sofá. Terra a tremer! Casa a tremer! O barulho da terra! O barulho dos móveis! A mãe toda a tremer! Não havia senhor simpático com músculos para ajudar! Não havia mochilas de SOS prontíssimas para a catástrofe natural (que qualquer americano tem no armário da entrada de casa). Não havia sequer uma mãe com sangue frio e capacidade para raciocinar num momento de perigo!
Soube depois que o sismo durou 8 segundos. Durante os quais eu levantei-me do sofá, fui à janela, voei para o corredor dos quartos e petrifiquei. CONGELEI!! Em vez de tentar salvar os meus filhos (felizmente não foi preciso!!), fiquei tipo barata tonta a rodar sobre mim mesma no hall de entrada. Tremia tanto que parecia estar em hipotermia... O que é que eu faço??? Limitei-me a tentar conter os tremores para conseguir ligar à minha mãe a chorar e a perguntar o que fazia.
Se durante o dia-a-dia parecemos uns polvos, com braços para as chaves, os filhos, os sacos, as mochilas e as birras, a verdade é que, na hora da verdade, só temos dois! E por muito que queiramos ou gostássemos, não há maneira de mudar isso!
A ideia de descer as escadas do prédio, sozinha, com duas crianças ao colo (que juntas, pesam tanto quanto eu) é absolutamente aterradora. E se eu não conseguir agarrar os dois?? E se eu tiver de largar um??? Qual é que eu largo??? Como?? Quando?? Porquê???
Se calhar devia mudar-me para o campo!! Para uma planície! Longe da água e com tectos levezinhos!! Ou então fazer uma terapia qualquer! Tipo pancada de meia noite no lombo, para ver se páro de ser psycho e se me lembro que, um dia que alguma tragédia aconteça, quem precisa de protecção são eles! Não eu!!! Mula!!!
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3 comentário(s)
Ai tão bom :D também fiquei um pouco psico com isto dos filhos. agora deu-me para ter receio de andar de elevador, que o cabo ou lá o que é se parta, ou que o elevador se encha de água... help!!!
:-D Acho que a psicose é comum a todas as mães - revejo-me tanto! Também auguro cenários de terror-barra-lei-de-murphy a toda a hora, mas particularmente quando estou sozinha com ela. O banho é crítico, confirmo. E mando um pulo de afundanço-em-basquetebol de cada vez que ela tosse ou demora demasiado tempo a engolir a fruta. E quanto a mim, claro que também evito as pastilhas e os rebuçados (logo eu, que adoro fazer rebentar balões, à adolescente descarada). Dá-me a ideia de que ganhávamos bem a vida como consultoras de "disaster movies" em Hollywood. Se há alguém que consegue vislumbrar um cenário apocalíptico numa tarefa quotidiana, são as mães! Não se auto-flagele muito com o terramoto. Não estamos no Japão, os terramotos são cenário raro, é normal não estar preparada, nenhum de nós está! :-)
Já eu tenho pavor de viajar de carro, mesmo curtas distancias, estou sempre a adivinhar acidentes ... desgraças a fins. Quando volto a entrar em casa é um alivio ... ninguém merece
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