Fico sempre à rasca com esta pergunta!
Este fim‑de‑semana encontrei uma antiga amiga. A primeira de liceu. A primeira de quando vim viver para Cascais. Não me lembro bem como é que nos começámos a dar. Éramos da mesma turma e lembro-me de a achar um máximo. Ela era mais velha! Daquelas porreironas que se dava bem com toda a gente e que tinha amigos em todas as turmas. Ela também lá terá gostado de mim. Estávamos na mesma carteira na maior parte das aulas. Deve ter sido das poucas que, na altura, engraçou com a campónia com sotaque do Porto que ainda se vestia à menina e não depilava as pernas e, pior, se levantava quando os professores entravam na sala. Sempre foi assim que me ensinaram a fazer no colégio de onde vinha.
Ela já vestia calças e blusão Levi's, já usava o lenço de cornucópias no cabelo, bebia café (enquanto eu pedia copos de leite - acho que eles me achavam graça por isso), fumava Marlboro e desenhava umas letras lindas nas capas dos cadernos. E eu achava aquilo tudo espectacular!
Este fim‑de‑semana, mais de 20 anos passados, encontrei-a numa loja. Lá veio a pergunta - O QUE É FEITO DE TI?
Lembro-me de há uns anos responder orgulhosa, "olha, casei, tenho uma bebé e trabalho assim e assado..." Hoje em dia, nunca sei bem o que responder.
Comecei por responder "olha, separei-me, tenho 2 filhos". Comecei a perceber que isso incomodava as pessoas. Apenas porque ficam num sofrimento atroz sem saber o que responder.
"Oh... Coitada!"
"Oh! Também nunca dei nada por vocês!"
"Oh... Foda-se!"
"Oh... Espectáculo!"
As pessoas dividem-se entre a compaixão ou a graçola. E eu comecei a perceber que o "separei-me" era o que ficava a estalar no ar. O "tenho 2 filhos que são um máximo" ou o "sou educadora de infância e adoro o que faço" perdia-se no meio da suposta desgraça da separação. E por isso, desta vez, poupei-a ao "porra! O que é que é suposto dizer agora???" com um "Olha, sou educadora de infância, tenho uma filha com 7 anos e um filho com 5 anos."
Foi óptimo porque levei com um "A sério??? Que máximo!!! Fico mesmo contente por ti!"
De repente, o "O que é feito de ti?" deixou de ser um desconforto! É muito melhor dizer só as coisas boas e levar com um sorriso enorme do outro lado.
E gostei mesmo que ela me tivesse reconhecido daquela maneira 22 anos depois!
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1 comentário(s)
É o melhor... demasiada informação, não vale a pena! Sou a tua mais recente fã :) A ler tudo o que perdi...
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