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Mãe Bio-Lógica | Amamentar, aleitar ou trabalhar?!

Por Linda Barreiro

Encerrou domingo passado a “Semana Mundial do Aleitamento Materno”, que decorreu de 5 a 11 de 2015, este ano sob o tema “Amamentar e trabalhar – podemos conseguir!”.

A ideia não podia ser mais oportuna. Apelar a uma maior sensibilização para a importância da proteção dos direitos e proteção das mulheres que amamentam e trabalham, e conjugar esforços para que seja possível à mulher trabalhar e amamentar, foram são alguns dos pontos discutidos nesta semana transata.

De facto o regresso ao trabalho contribui para que muitas mulheres deixem de amamentar. Existem inclusivamente relatos de pessoas que são despedidas pelo facto de terem tido um bebé. Não há dúvidaS que muitas mulheres enfrentam dificuldades e barreiras no local de trabalho, para a extração de leite, e a maior dessas barreiras é mesmo a social (pessoas e colegas que acabam por achar um pouco estranho que a mãe continue a amamentar depois de regressar ao trabalho).

Na minha opinião, a nível social, creio que só é dada a devida importância à amamentação e ao aleitamento materno durante os primeiros meses de vida do bebé, altura em que se supõe - muitas vezes por falta de informação - que os bebés devem mamar. E aqui também os números falam por si: a Europa tem o menor índice global de amamentação, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados recentes, de 21 países europeus, mostram que apenas 13% dos bebês até aos 6 meses são alimentados exclusivamente com leite materno.

A nível legal, a amamentação e o aleitamento só merecem algum tipo de consideração durante o primeiro ano de vida do bebé, altura em que as mulheres têm direito à redução de horário quer estejam a amamentar, quer tenham optado por outro regime de aleitamento.

Porque é que a OMS defende a amamentação até aos 2 anos e uma mãe que opte por o fazer tem de o provar através da apresentação de atestados médicos mensais? Já viram a canseira de ir todos os meses ao Centro de Saúde, pedir à médica de serviço ou de família, entupir filas, perder tempo e fazer os médicos perderem o seu tempo, para apresentar um comprovativo na empresa para continuar a ter direito à redução horária? Sinceramente...

Desta feita com a amamentação podemos ir um pouco mais além na questão da Mulher que se tornou Mãe recentemente: não deveria ser um direito da mãe que amamenta e da mãe que aleita, ou seja de qualquer Mulher e Mãe, continuar a ter mais 2 horas do seu dia para acompanhar o seu filho depois dos 12 meses?

Ou será que as crianças após o ano já se tornam assim tão independentes que já só querem estar 10 horas enfiadas numa creche? Por amor de Deus, vamos pôr as mãos na consciência... Por mais desejosas que as mães possam estar para voltar ao ativo e para terem o seu cérebro antigo de volta (isso ainda não estou certa que seja possível de todo), quem é a mãe que deseja passar apenas 2h30 ou 3 horas (na melhor das hipóteses) do seu dia com o seu filho ao invés de passar 4h30 ou 5 horas?

Eu por mim falo... Tirei a licença máxima dos 5 meses, depois pedi o prolongamento da mesma por mais 90 dias (sim é possível prolongar a licença para além dos 150 dias, mas os últimos 90 apenas pagos a 25%) e ainda juntei 1 mês de férias. No fundo regressaria ao trabalho quando ele tivesse 9 meses. Depois a minha vida acabou por levar uma mudança de direção e já não regressei ao trabalho e, entre mudanças de países e de trabalhos, acabei por estar com o meu filho até aos 14 meses. E aqui sim considero-me uma privilegiada! No entanto de há meio ano para cá faço parte daquele número de mulheres que só passam 3h30 do seu dia com o seu bebé, e como sinto! No meio de tudo isto consegui sempre dar de mamar e ainda dou (agora com 20 meses) mas, caso tivesse ido trabalhar aos 9 provavelmente podia não ter conseguido aqui chegar.

Com esta conversa toda quero apenas frisar que não é só de amamentação que se trata aqui, mas sim de direitos das Mulheres e da Mães que mereciam mais atenção na nossa legislação. Bem sei que nos últimos anos tem havido algum avanço mas ainda são passos de anão. E já nem vou ao ponto de comparar com outros países da Europa (como a Alemanha, a Noruega ou a Suécia) quer no que respeita ao tempo da licença paga, quer no que respeita à possibilidade da mãe optar por outros regimes de trabalho, que não o full-time, após a licença paga pelo Estado.

Bom valeu-nos ao menos o aumento da licença de paternidade e as ideias, que na altura se elevaram, sobre uma proposta de legislação que fosse mais ao encontro da mãe trabalhadora, mas vamos esperar para ver. Como alguém já disse um dia: “É o país que temos!”

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