Hoje sonhei contigo!

Sonhei que chegavas ao pé de mim como quem chega a um sítio onde sabe que vai ser feliz. E vinhas com esse mesmo objectivo! Fazer-me feliz também.

Vinhas com um passo calmo mas assertivo de quem sabia bem o que queria e o que tinha de fazer.

Tentavas não pisar os socalcos estragados por quem passou por aqui antes. Trazias vontade suficiente para replantar em mim sementes de confiança, sementes que floriam em sorrisos e eclodiam em batidas descompassadas de coração. Trazias debaixo do braço um cesto de borboletas que depositaste directamente na minha barriga e uma mão cheia de sorrisos parvos que eu ia largando ao longo do dia de cada vez que me lembrava dos teus olhos.

Sonhei que eras forte o suficiente para me carregar com cuidado. Cuidado para não quebrar os poucos galhos de esperança que ainda me saíam do peito. E determinado em fazê-los crescer.

Confiança e esperança. Eis dois sentimentos que se tornaram raros em mim. E eu sonhei que os regavas e cuidavas deles. Sonhei que vinhas sem pressa! Trazias a eternidade no bolso e a ternura escondida no teu olhar.

Trazias beijos e abraços apertados que guardavas para o final. Sempre gostei de guardar o melhor para o fim.

Sonhei que a tua voz me abraçava e que as tuas mãos à volta de mim me garantiam que era em ti que eu devia pousar.

Sonhei! Hoje sonhei!

E depois acordei, sacudi os lençóis para trás e pus os pés no chão. Olhei para a janela, respirei fundo, dei Graças pela vida e por mais um dia e segui o meu caminho.

Um dia, quando abrir os olhos e te vir ali deitado, vou perceber que um dia deixaste de ser um sonho e que estás mesmo ali! Com a eternidade dentro do bolso do casaco, pousado junto do cesto de borboletas.