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Mãe

Crónicas de Uma Mãe Divorciada | Breve Revolta Contra os Soutiens Queimados!

Por Kiki

As mulheres acharam-se muito espertas quando resolveram atirar os soutiens para as fogueiras! Ah! Pelo direito a trabalhar e a votar e o raio que o parta! 100 anos depois, atiraram as gerações seguintes para a escravatura! Não é que eu não goste de trabalhar, não! Não é que eu não goste de escolher o meu governo, não! Não é que eu não goste de me enfiar num avião sozinha e viajar para onde me der na real gana, não! Mas e o resto? Esqueceram-se que era preciso continuar a fazer o resto... Uma mulher levanta-se às 7:00 da manhã (e já é um pau! Muitas corajosas que se levantam antes!) Ele é tomar banho, levantar as crianças (toda a gente sabe o esforço hercúleo que é tirar crianças da cama em dias úteis! Que ao fim‑de‑semana, os cabrõezinhos levantam-se por auto-recriação às 7:00 da matina!), ele é preparar pequenos-almoços, lancheiras, gritar mil vezes para irem lavar os dentes e mais mil para beberem o leite, não esquecer casacos, por a roupa suja no canto e fazer camas. Não sais de casa sem antes por uma merda qualquer na cara para não ires com cara de rabo trabalhar e sem por perfume e combinar os sapatos com o casaco. Já se cansaram? Ainda nem 9:00 da manhã são. Chegas toda contente ao trabalho (quem tem essa sorte!) e papas com 8 horas de trabalho. Durante o dia foste pensando no que ias fazer para o jantar (se é que não tiveste de tirar nada do congelador ao mesmo tempo que passavas manteiga nas torradas) que está quase na hora de trocar o óleo do carro, que a tua filha precisa de uns tênis novos para a ginástica e quando acaba o prazo da conta da luz para não te esqueceres. Essa é outra! Eu sou a pessoa mais desorganizada que existe, com um pequeno senão! Não consigo viver na desorganização. Por isso vivo num esforço sobre-humano a queimar neurónios e a dar ao cabedal 18 horas por dia para que a minha desorganização natural não me vença! E se antes tinha um homem em casa que tratava das contas todas e estava sempre dentro dos prazos, da revisão do carro, dos selos e do quarailho, agora ainda tenho que tratar disso também! Tenho uma sorte imensa porque saio do trabalho às 17:00 e moro a 15 minutos da escola. Mas sair e não sair, são quase 17:30 e para ir buscar os miúdos ao colégio, nunca demoro menos de 40 minutos. Entre procurar casacos perdidos, esperar que eles resolvam acabar o que estão a fazer, fazer o ar mais interessado do mundo a olhar para o trabalhos deles com paciência enquanto faço uma revisão cerebral ao stock da despensa para ver se ainda passo no supermercado. Ir buscar pão ou leite mais qualquer coisa que falte para o jantar, já são quase 19:00 quando chego a casa. Carregar sacos e mochilas e dar um grito porque eles se pegaram por causa do botão do elevador. Abro a caixa do correio onde só tenho merda (o que aconteceu às cartas de amor? Ah! Devem ter ido para a fogueira com os soutiens!) e carrego os envelopes na boca porque já não tenho mãos. Diz que dá cancro por coisas impressas na boca, mas àquela hora que se foda! Finalmente entras em casa! Bonito! Roupa para apanhar que foi estendida no dia anterior, dois filhos sedentos de mãe a fazerem mil perguntas (nomeadamente sobre o movimento de rotação da terra e sobre a forma como as nuvens se formam ou porque é que nunca fomos ao fim do arco-íris) e a quererem a merecida atenção, a loiça para tirar da máquina, o jantar para preparar, banhos para dar e no meio disto tudo, perdeu-se um sapato do Nenuco e a luz do castelo dos piratas não está a funcionar. Quem salva? Mãe, claro! Até porque nesta casa não há pai para ajudar! Lembro-me de um post para o blog, e lembro-me que tenho uma amiga que precisa de abraços e também me lembro que há um saco cheio de meias para dobrar! Recebo um SMS que é lido e respondido mentalmente (às vezes com 48h de delay!) Já são 20:40 e ainda só abanquei a peida na retrete para um xixi a correr entre os banhos deles! 21:10 meto-os na cama já com 10 minutos de atraso. Eles ainda querem uma história e pedir ao Jesus uns patins novos e eu só vejo o sofá à frente. Mas não! Ainda há sapatos para apanhar no meio da sala e a batalha dos Playmobils que ficou montada no tapete e a loiça do jantar para arrumar. São quase 22:00 quando aterro no sofá e o saco das meias para dobrar a olhar para mim. Caguei! Deixo para o fim‑de‑semana. No fim‑de‑semana, ou tenho crianças e é aquilo que se sabe, ou não tenho crianças mas é na mesma o que se sabe. Troca camas, lava casa-de-banho, limpa pó, lava o chão, máquinas com a roupa de casa para fazer. Ah! E o saco das meias que estava a olhar para mim há três dias. Ainda arranjas tempo para arranjar as unhas e para umas noitadas com amigos (quando não ficas atracada ao sofá a tentar renovar energias) que isto não é só dar ao cabedal. De repente já é 2ª feira outra vez. E depois vem a minha mãe dizer que tenho de por a bata do Vicente a corar ao sol porque a nódoa de tinta não saiu como deve ser. E que a manga da camisola dela tem borboto e que sai facilmente com uma gilette. Sim... Talvez um dia eu tenha tempo e cabeça para isso! Para coser as meias que se esburacam em vez de as deitar fora. Ou para bordar o nome deles nas fardas do colégio. Ou para passar o lustro às pratas. Ou para passar a roupa a ferro em vez de a dobrar directamente do estendal para o armário. No dia em que eu começar a levantar-me às 5:00 da manhã e a deitar-me à 1:00. Não sei se é a sociedade, a tua família ou tu própria. Mas é-te exigido que sejas a dona de casa perfeita e a mãe perfeita! Vá lá, já não preciso de ser a mulher perfeita... Pelo menos por enquanto. Com os soutiens na fogueira? E o marido no raio que o parta? É isso! De repente acordas e dás-te conta que passaste a vida preocupada em ter a casa impecável, a roupa imaculada e o jantar perfeito. E isso não teria qualquer problema se o teu trabalho fosse esse mesmo: tratar da casa. Ou se ainda houvesse criadas, cozinheiras e bordadeiras em casa. O problema é que houve umas cabras há 100 anos atrás que resolveram queimar o soutien! Mas quem se lixou foi quem? Foste tu!

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7 comentário(s)

raquel24 de Fevereiro, 2015 às 09:22:37
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Epá, eu não sou divorciada, mas é isto a 200%, plus a parte do ter que ser amante nos entremeios quando só te apetece é chegar à cama e morrer.

sandra24 de Fevereiro, 2015 às 10:37:08
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Kkkkkkkkkkk. ....cansei só de ler......e nada contra o feminismo. ...Eu percebi a ironia...amei...ri pra carago....vou partilhar

Margarida George24 de Fevereiro, 2015 às 12:58:50
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Eu então acho que temos que continuar a " queimar ainda mais soutiens". A nós Mulheres deste tempo educaram-nos para ter liberdade de escolha, de expressão, para ser "modernas". Mas esqueceram-se foi de educar os homens (salvo raras excepções) no mesmo sentido. Hoje em dia temos mulheres que profissionalmente trabalham tanto ou mais que os homens (mas quase sempre ganham menos) e chegam a casa e ainda têm que fazer tudo o resto, mesmo quando há marido. Regra geral os homens mesmo que ajudem nunca fazem tanto como nós e eu falo por mim que tenho um que ajuda. Cabe às mulheres de hoje, em especial às mães de meninos, como é o meu caso ( tenho um rapaz é uma rapariga) educa-los e prepará-los para um futuro de igualdade, de respeito e de entreajuda para com as mulheres.

Margarida Silva24 de Fevereiro, 2015 às 15:58:26
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texto é muito engraçado mas chamar para aqui a "queima dos soutiens" é simplesmente estúpido. Igualdade e direitos iguais, lutar contra o estereótipo de mulher perfeita eram as palavras de ordem que basicamente é o que a autora brinca ao narrar o seu dia a dia - o tentar ser perfeita no meio do caos que é o dia de uma mulher que é mãe e trabalhadora. Um pouco de história antes de escreverem estórias n fazia mal nenhum.

Isabel25 de Fevereiro, 2015 às 14:59:43
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Começa logo pelo nick, Kiki, mas isto é uma questão de gosto. Depois todo o texto é um monte e a palavra é mesmo esta, um monte de ideias reaccionárias e estúpidas. A "irreverência" dos "merda" e "caguei" e "que se foda". O lugar comum da mulherzinha que se queixa de deus, do diabo, da mãe, do marido, dos filhos, de tudo e de nada, menos dela propria. E para não me alongar mais acabo com isto,de facto só a autora não percebe que tem a cabeça cheia de "merda", para alinhar-me com os termos escatológicos do texto.

claudia25 de Fevereiro, 2015 às 19:59:58
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Palmas!!##!!

sao25 de Fevereiro, 2015 às 20:01:42
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adorei este post. e agora imagine uma situação quase quase identica a esta mas com uma pquenina adenda - ser professora... ui é lindo é.

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