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Filhos

O Pai Anónimo | O Inferno e eles

Por O pai anónimo

 

Todos os pais, a certa altura do campeonato, são confrontados com o facto do seu pequeno Matias, ou da sua pequena Constança, começar a estrilhar. Claro que começamos mal, porque o paizinho ou a mãezinha (ou os dois, meu deus!) que achou por bem embarcar nesta moda dos nomes, só podia estar com o juízo a arder. Mas adiante. Quem tem putos sabe do que falo: não quer comer, não quer dar beijinho, só quer ver bonecos, só quer, não quer, já quer, o raio que o parta.

Nessa altura, é um salve-se quem puder. E por cada pai ou mãe que se safa menos mal, há um monte deles que fica à rasca. Porque o Salvador faz cada vez mais bosta, porque a Carlota, a nossa princesinha, tem a voz cada vez mais grossa. E aí entram os especialistas, os psis, pedopsiqs, pediatras. Objectivo? Fazer a coisa certa! O risco, caso falhem? O puto ficar a achar que o pai é mau (o horror), o puto ficar com traumas (whatever, traumas são traumas) ou então, ficar revoltado (tipo, sei lá, revoltado, ou uma cena assim). Ou, então, plantar a sementinha que levará o Gastão, um dia, a ser hiperactivo. Sabe-se lá o que leva um petiz a ficar hiperactivo? Até vacinas, credo.

E prontos. Assim se vê a mãezinha a tentar que “se comer a carninha a mãe dá mais sumo”, o puto a ir para a cama às 11 “que antes disso é um castigo” ou o bonito “então mas já não quer o supermaxi?... Quer antes um corneto?...” Touch down. É claro que nenhum pai ou mãe consegue ver no seu filho um puto estúpido. Que diabo, é o filho deles. Então arranjam-se umas explicações, é fácil. Vamos lá então, malta. A questão é que o puto tem o feito do pai, e antes dele do avô Alberto. A miúda tem uma personalidade… vai dar fresca! O rapaz é nervoso. Ela irrita-se, assim, do nada, não sei porquê. Andamos um bocado preocupados com a Pureza. Já levámos o Baltazar a uma psicóloga muito boa, que tem muito jeito assim para miúdos.

A solução perfeita? Parem de comprar esses livros de gurus com sorriso pepsodent. Se é para gastar guito façam antes um donativo aqui para o eumae. Mas o princípio é relativamente simples: largar-lhes o inferno em cima sempre que apalermarem. Isto não é uma democracia. Devem explicar, tentar ir a bem, fazer com que cooperem, mas  “porque eu digo!” tem de ser sempre um motivo intocável. Vocês são os gajos que mandam, os donos da bola, o patrão. Os deuses no Olimpo, que podem lançar raios, trovões, e desligar a televisão. Os vossos putos têm de sentir cagaço perante a simples possibilidade de vocês ficarem lixados com eles. That simple. Têm dúvidas? Observem a Natureza. E como é que se põe em prática? Bem, como resultar. Definam o tipo de líder incontestado que querem ser. Um berro; o olhar; um rosnar sibilino ao ouvido; um safanão; coacção. Se voltas a saltar em cima do sofá… Um moquenco. Sim, sim, um moquenco, qual é o problema? “Ai, mas oh senhor, nós não concordamos com violência! A Amélinha tem de compreender que tem de ser boa menina!” ‘Tá bem. Ninguém diz para usarem uma toalha molhada, ou para fazerem chantagem psicológica, tipo “se não comeres a mãe já não gosta de ti”, isso sim, prejudicial. Sejam carinhosos, amigos, brincalhões, incluindo qualquer onda pós-moderninha que resolvam abraçar. Mas estejam prontos para largar o ferro todo em cima do puto se ele se armar em parvo. E certifiquem-se de ele sabe que isso acontece sempre. Ele necessita disso para crescer.

“Ai, mas o meu Vicente é diferente, ele não é bem como os outros miúdos, desde pequeno”. Chiça. Perguntem à educadora dele, e de mais 15, se acha que ele é especial. Já repararam que nunca ninguém pede às educadoras para opinar sobre a educação dos miúdos? 

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8 comentário(s)

Sara08 de Outubro, 2014 às 09:34:36
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Ahahahahah, tão bom!!!

Mariana08 de Outubro, 2014 às 11:24:13
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Certo, mo! :D

Me09 de Outubro, 2014 às 10:22:20
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Delicioso!!!

Carina10 de Outubro, 2014 às 10:01:41
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Gostei, a autoridade é essencial na educação da criança.

aguiar maria 10 de Outubro, 2014 às 10:20:21
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gostei mas, linguagem dificil um pouco

Daniela11 de Outubro, 2014 às 21:40:09
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Até adivinho quem é que escreveu isto... Farto de xixis, cócós e palavrinhas mansas? ;) Bem apanhado, vou usar (na prática e na teórica) eheheh

Paula Rios25 de Outubro, 2014 às 00:39:54
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Eu prático essa "religião" e vai resultando...

Carolina24 de Novembro, 2014 às 22:37:56
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É isso aí!

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