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Filhos

O Pai Anónimo | Amor de Mãe

Por O Pai Anónimo

O tema seria bom para a Primavera. As florzinhas, os passarinhos a chilrear, o milagre da fertilidade. Mas atenção, nada é o que parece. O assunto merece reflexão, e é para isso que cá estamos, hom’essa.

Atalhando pelo meio: as mães são do caneco. A maior parte, claro, que isto é como tudo. Mas a esmagadora maioria, vá. São do diabo. Fazem o que for preciso. Desdobram-se, cuidam, antecipam-se, preocupam-se. Sabem coisas. As mães sabem sempre coisas. E quando se chateiam, quando se exasperam, são sanguíneas, envolvidas. As mães zangam-se sempre de forma quente, nunca de forma fria. E tudo isso que as mães são, é, digamos, bestial. Tão bestial, que mesmo já crescidos, quando a coisa aperta, é da mãe que a malta se lembra. Já pensaram nas tatoos dos pais de família na praia (não as de agora, chiça, uma foleirada sem nome)? Um tipo estava no meio do mato, sujeito a levar com um balázio, no meio de outros tipos rijos a tentarem matar-se uns aos outros e quando, num momento de pausa, entre limpar a G3 e afiar a faca-de-mato, alguém se lembrava de fazer uma tatoo, o que é que decidiam fazer? Escrever, alto e bom som, “amor de mãe”. Pensem lá bem. A quem é que confessariam o vosso segredo mais cabeludo? À vossa mãe, que ainda assim encontraria estofo para dizer qualquer coisa do género deixa lá filho, que a mãe vai continuar a gostar muito de ti.

Mas tudo tem o seu quê. A força das mães é também uma das suas maiores fraquezas. Essa coisa de conseguirem amar incondicionalmente, de estarem programadas para proteger, de conseguirem ver o bom no meio da desgraça… Regressamos à problemática da nhonhice. O Salvador, muito esperto, espertíssimo, mas que não gosta de estudar. A Carlota, que tem um feitio um bocadinho complicado, sai à mãe. O Tomás não tem a cabeça grande, os meninos da turma é que são maus. O Duarte não faz ginástica porque não se sente à vontade. A Carla, se não leva o pãozinho de leite com fiambre não come nada. O Matias, se não sou eu, não faz nada. O amor de mãe, se não é temperado, vira nevoeiro, humidade, faz crescer um musgo, limos que crescem na mona dos putos e que os impede de serem desenrascados. Cada puto, aos olhos da mãe desprevenida, corre o sério risco de virar uma espécie de super-herói relutante, sujeito a achaques e tosse, com o seu super-potencial neutralizável pela maldade dos outros. Cortarem-lhe as pernas, com cada nova investida protectora da mãe a esbarrar na professora, que tomou o meu filho de ponta. Ou então, a kriptonite, incontornável, da personalidade, que é muito forte, não aceita qualquer coisa.

Depois junta-se a nhonhice em versão mãe-galinha-pós-moderna, uma espécie de eu tenho que proteger o meu filhinho do mundo agreste e cruel mas em modo de exigência – eu só espero do Dinis que ele aproveite a escola para ser feliz e que desenvolva as suas capacidades, não tem que ter obrigatoriamente boas notas. Sê espontâneo, anda. Ou então, o seu oposto, que leva aos limites da angústia pelo facto de a pequena Lia aos 3 anos ainda não saber quantos lados tem um hexágono.

E o amor de mãe por um filho é igual ao amor de mãe por uma filha? MMMMMQuase. Não é à toa que as filhas são as princesinhas dos pais e os filhos os namoradinhos das mães. O amor por uma filha tem tudo no sítio, sem dúvida, tirando um desconfortozinho de ter sempre, enfim, uns 3 ou 4 quilos a mais. Os olhos da mãe olham para o espelho da filha e vice-versa.

E quem tempera este amor de mãe? Quem? Ora, ora, que pergunta. O Pai, está claro. 

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1 comentário(s)

Bayard04 de Dezembro, 2014 às 21:12:17
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É sempre agradável ler os escritos do pai anónimo mas o autor deveria impor o seu cunho pessoal na escolha das imagens que os acompanham.

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