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Mãe Bio-Lógica | Maternidade: da fragilidade ao super-poder!

Por Linda Barreiro

Aproxima-se o Dia da Mãe e em blog de mães é assunto que não pode ser deixado ao acaso. Não são ideias para presentes que cá me trazem esta semana,venho antes deixar-vos uma reflexão sobre a Maternidade para todas as Mulheres e Mães que se identificam - ou que um dia já se identificaram - com este retrato. Feliz Dia da Mãe! 

Primeiro a gravidez, o parto, o pós-parto, o baby blues ou o baby pink, a fragilidade do momento, a realidade desconhecida, o sentimento de responsabilidade, a sensação de incapacidade... Depois o cansaço, uma nova realidade, o frisson com o marido, os palpites da mãe e da sogra, da tia e da prima, da madrinha e da amiga porque chora o bebé, porque passa tanto tempo na mama, porque tem de usar chupeta, porque tem cólicas, porque não bebe leite adaptado ou porque não dorme na cama dele...

Depois os conselhos sensatos dos mais próximos: “faz como achares melhor, segue o teu instinto e a tua intuição de mãe”. Mas qual instinto? Qual intuição? Mãe? Eu só aqui cheguei há uns parcos dias, não percebo nada disto, ninguém me disse que isto era assim e afinal de contas não estava mesmo nada preparada para isto, bolas!

Então fazes aquilo que achas que é o melhor... Mas na realidade trata-se apenas de uma tentativa porque como não sabes nada, também não vais saber se resulta, mas tentas e dás o teu melhor. Todavia essa não era a tua intuição, nem o teu instinto, era apenas uma compilação de bitaites dos outros com alguma informação (grande parte das vezes pouco filtrada) que foste beber a uma data de fontes. E até resultou, descobriste a pólvora pensas, mas à terceira e à quarta a coisa já não vai lá com o mesmo truque... Lá sais tu novamente derrotada, sedenta de saber mais sobre esta nova condição, e de encontrar informação complementar (mas que no final de contas não vem descrita em nenhum manual da internet). Então lês que os recém-nascidos dormem umas quantas horas por dia e que estão acordados outras tantas, que devem ser colocados de pé para arrotar, que devem mamar só de uma mama ou das duas, a cada 2h/3h ou em livre demanda, que eles têm de ter horários para tudo assim como rotinas e padrões de sono e de comportamento e mais uma série de requisitos... 

Mas o teu bebé está sempre acordado e não vai prá cama sempre à mesma hora, só adormece no teu colo ou na mama e não faz 3 sestas de 2h por dia. Ele tem de dormir, assumes. Então vais pô-lo para dormir, mas ele não quer e não dorme, e tu ansiosa, desesperas, desespera-lo e desesperas o teu companheiro. Voltas à estaca zero e entras no ciclo outra vez. 

Entretanto ligas a uma amiga para espairecer que te diz que estás a fazer tudo ao contrário, que o bebé dela dorme na cama sozinho desde os 3 meses, que nunca o habituou a adormecer ao colo, que anda sempre no carrinho, que vai para a cama todos dias à mesma hora - depois de tomar um banho e ver um episódio dos bonecos da Baby TV que o relaxam imenso - e que já não acorda a meio da noite para mamar desde os 2 meses. Ai o carago... Já dançaste outra vez e pensas que realmente tiveste um grande azar! Então desligas o telefone e deixas de pesquisar informação e de perguntar, sentes-te incompreendida e não consegues relaxar. Estás sozinha mas tens um bebé nos braços... E agora? O que vai ser? O que vais fazer? O que vai acontecer depois?

Depois o tempo voa, começas a conseguir descontraír um pouco mais, mas entretanto os dias que passaram pareceram-te eternos. Estás de licença de maternidade mas estás mais cansada do que se tivesses estado a trabalhar 8h por dia e a licença está quase, quase a terminar. Ai que o bebe só adormece no meu colo e a mamar... O que será dele sem mim aqui e como serão os dias para nós daqui em diante? Vai comer na minha ausência, beber o leite no biberão ou vai estar todo o dia à minha espera para mamar? E aí o inevitável acontece: vais ter de te separar dele e o teu coração fica novamente apertado.

Entretanto o tempo vai passando, tu começas a perceber melhor o bebé e apercebes-te que era afinal a tua ansiedade que te impedia de chegar até ele e de repente as coisas começam a fluir e a mudar de um momento para o outro. Ele cresce a cada dia que passa, tu começas a automatizar processos e a ligar o piloto automático e dás por ti a saltar e a fazer o pino para ele na cadeira, enquanto fazes um risotto no fogão, a pôr a mesa com a mão esquerda (e até nem és canhota) para conseguir segurá-lo no colo com a mão direita, a fazer a cama com ele pendurado no pano ou a carregá-lo no sling enquanto vais à casa de banho num instantinho. Sais de casa em menos de 5 minutos, UAU, record! Vais às compras com ele às costas, cortas o cabelo e almoças num restaurante com ele no colo, aqueces o jantar enquanto ele está na banheira, arranjas-te a ti e a ele em menos de 5 minutos, preparas um jantar e dois almoços para o dia seguinte, arranjas a roupa e a mochila para a escola, deita-lo na cama, contas-lhe uma história, dás-lhe um beijo, apagas aluz e ainda te sobra um tempinho para arrumar a cozinha e para estender a roupa. E no fim de tudo, quando o relógio já reclama o adiantado da hora, vais para a cama cansada, umas vezes sem limpar o rosto ou passar o creme de noite, outras vezes com o buço por fazer e as unhas por arranjar, acordas com umas olheiras que vão até ao queixo, mas sentes-te, estás e és incrivelmente mais feliz, porque ao amanhecer espera-te aquele inegualável sorriso que é teu para sempre!

E é nesse momento que percebes que afinal és uma Super-Mulher sem vestir fato - tal como a tua mãe -, e que atinges, de facto, como todas as Mães têm um valor imensurável! As Mães são essa raça forte, essa energia, essa força da Natureza e têm essa super-capacidade de fazer tudo-ao-mesmo-tempo-e-ainda-tratar-dos-filhos, que inexplicavelmente toma conta delas a um determinado momento, mas que não vem logo de início no pacote da Maternidade, adquire-se com o tempo. A Maternidade é essa espécie de fragilidade que se transforma em super-poder! São asas que se nos colocam sem nos terem ensinado como se voa. E nós vamos - primeiro baixinho e aos pouquinhos - perdendo o medo e chegando lá devagar mas com confiança!

A partir do momento em que ganhamos este tipo de amor - incondicional - passamos a ver as coisas de uma outra perspetiva. E venha o que vier ou quem vier temos a certeza que nunca mais ficaremos sozinhas e que aquilo é nosso para sempre e isso dá-nos essa força e essa garra para continuarmos sempre a lutar! Aproveito para deixar a minha grande admiração e homenagem às Mães solteiras e a todas as Mães que não sendo solteiras têm de criar filhos sozinhas. Bem-hajam!

 

 

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2 comentário(s)

Elaine Coutinho17 de Junho, 2016 às 14:57:39
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Parabéns Linda Barreiro :) neste momento passo por esta fase de se encontrar como mãe e ja vou no terceiro filho, mas todos diferentes desde da gestação e nesta me sinto como se fosse a primeira vez :) nada facil mto pelo contrario super dificil.

Linda07 de Setembro, 2016 às 11:51:24

Obrigada Elaine. Um beijinho e uma dose tripla de força! <3

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