É intrigante, ou melhor, gratificante, quando lês um texto no facebook, de um blog que ainda não conheces…, mas que andava na tua cabeça atarefada procurar… (porque diziam que era da mãe de 2 alunos lá da escola) e eis que o texto vem deste blog, mesmo sem o saberes, quando o lês… e porque adoras blogues… e porque adoras ler… e porque adoras escrever… e tens o sonho remoto de ter tempo para escrever… e não, não tenho filhos… e agora dizem as mães: “O quê, não tem filhos e não tem tempo??? Piada…” Pois é, não tenho filhos, acho sempre que não tenho tempo (mas o tempo cria-se!!), por isso, talvez não passem de desculpas!!, mas tenho vida, a minha vida, que é sempre diferente da tua!... Com mais ou menos tempo!

Não sou mãe, mas sou o colo, os braços, o aconchego, o sossego e o desassossego de muitas crianças, que todos os anos se renovam na(s) minhas sala(s) de Creche ou de Jardim de Infância!

É verdade, tenho essa bela profissão: sou Educadora de Infância. Sou eu, aquela pessoa que passa mais tempo com os vossos filhos do que vocês próprios… Sou eu que os recebo de manhã, ora ainda cheios de sono (eles e eu), ora em birra, ora cheios de energia… mas quase sempre de sorriso nos lábios para me receber com um beijo, prontos para me lambuzar a cara logo de manhã… e isso é absolutamente delicioso…

Mas nem sempre… tirem-se as dúvidas, não é sempre bonito, delicioso, fantástico… Por vezes, é terrivelmente stressante… Quando nestas manhãs (sobretudo aquelas em que eu venho mal disposta, com sono, rabugenta… Sim, porque educadora de infância não está sempre bem disposta, de sorriso nos lábios…), uma criança em birra, quase que te dá um pontapé, sob o olhar incrédulo de todas as outras…; ou um pai te questiona porque é que o filho no dia anterior foi sujo para casa - quando consideras que sujidade é sinal de sanidade… e muito calmamente, tens que dar a tua opinião, rematando com “mas se acha que vai muito sujo, sempre que pudermos, trocar-lhe-emos a roupa, não se preocupe”, quando te apetece gritar “É BOM SUJAR, DEIXE-O CAIR, SUBIR ÁVORES, PISAR POÇAS DE ÁGUA!...”

Mas voltando ao início… É intrigante ou melhor gratificante, quando lês um texto no facebook de um Pai Anónimo, sobre a tua profissão… E quando te revês em cada palavra, frase, pensamento, forma de escrever… e pensas “Esta educadora podia perfeitamente ser eu! Ainda mais com o meu nome!” E eis, quando passado uns dias descubro que este Pai Anónimo é afinal um pai lá da Escola, ufa! Quase que parecia coisa do outro mundo!!! Afinal aquele texto tem mesmo um bocadinho de mim, de nós, da minha Escola. Para mim, este pai não é só O Pai, se me faço entender... tem um nome, e é assim que o trato, pelo nome, como qualquer outro pai ou mãe lá da Escola.

Só discordo… com a parte do apelido, quando diz que educadora só é chamada pelo primeiro nome, pois até isso na minha sala é diferente, eu própria brinco com o meu apelido e quando me “zango” comigo própria, grito o meu primeiro e último nome, pelo que, como é evidente, já todos o fazem! As palavras de ordem na minha sala são: RESPEITO, AJUDA, IGUALDADE, LIBERDADE, JUSTIÇA! E isto inclui todos os habitantes da nossa sala, incluindo a Cuca, a tartaruga. Um dia, se me quiserem ouvir, ou melhor, ler… e se eu tiver tempo para o fazer, conto-vos um pouco do nosso dia-a-dia e como colocamos em prática aquelas palavras de ordem!!

Se é fácil? Não! Mas é desafiante e faz-te ser melhor profissional e melhor pessoa todos os dias, tentando ajudar aqueles pequenos seres inofensivos mas capazes de tantas e tão grandes coisas, a serem melhores pessoas! Um dia conto-vos tudo!    

Orgulho-me do que faço, orgulho-me dos meus meninos e orgulho-me dos pais, sobretudo dos que têm esta capacidade de ver e perceber a importância da minha profissão!

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