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Filhos

Diagnóstico de um toddler

Por Inês Simões


O nosso bebé, mais ou menos reguila, vai sendo paulatinamente substiuído por uma máquina de destruição, o liquidificador sem tampa de que fala o Seinfeld... Já agora, como é que não há uma palavra em português para esta idade? Será que se quer assim tanto prolongar o bebé que não se põe o nome aos bois? Ou quer-se evitar a realidade não lhe reconhecendo a existência? 
Não dá para ignorar os sinais, o seu bebé já é um mini menino.  Descubra se já tem nas mãos um diabinho da Tasmânia, um bebé adolescente, uma criança em estado bruto. Ora vejamos:


* O choro já não é um meio de comunicação, é uma arma de destruição massiva pronta a ser usada a qualquer momento. E ele escolhe sempre os piores momentos e chora alto, desesperado, perfurante. E muito enervante.

 * Quando não chega ao choro, há sempre o choramingar. "Que não me dão, que quero, que não quero, que me fecham a porta, que não me dão o livro, que me tiram o peluche, que o outro tem o que eu quero...

 * Sim, porque de repente, o mundo é dele! Tudo é dele: o dele, o meu, o teu, o do outro, o da multidão, o do outro menino que não está pelos ajuste porque, lá está, tudo é dele também, azarucho.

* Já nada pode estar posto em sossego lá por casa: desaparecem as chaves do carro, da casa, os comandos da TV, os telemóveis. E só vale se for a sério, os de brincar, esquece, não prestam para nada. Se és um pequeno objecto de uso corrente, acautela-te!

* Os joelhos do miúdo são cinzentos. Não há banho que lhes valha. Os joelhos são cinzentos, os cotovelos também, permanentemente encardidos. Porque ele anda sempre aos caídos, sempre em ação de reconhecimento do território.

* Aliás, todo ele está encardido ao fim do dia. Da cabeça aos pés, sendo que a cabeça e os pés têm o extra da areia. Estão sempre cheios de areia e pó. A água do banho torna-se preta!

* Nem todo o preto sai com o banho. Porque boa parte da pele do miúdo está coberta por nódoas negras, escoriações, cortes, amolgadelas, borbulhas. Um autêntico mapa do tesourinho deprimente.

* O banho em si é hora de fuga, hora de esperneio, hora de chapinhar furioso, de tentativas de saltar da banheira em pleno acto, de correr molhado e nú pela casa. E eu que fique toda encharcada também, para ver como elas mordem. 

* O carrinho já não é um fiel meio de transporte e descanso dos pais. Porque apenas é giro ir lá amarrado nos primeiros 10 minutos, depois, ele quer ir à sua vida, que é em todo o lado menos dentro do carrinho ou no caminho que nós traçamos. 

* E o carrinho do supermercado? É todo um outro nível dos assentos que se aguentam por pouco tempo. Ora está na cadeirinha, depois quer ir dentro do carrinho, depois fora do carrinho, depois a correr todos os corredores. Sempre a atirar coisas das prateleiras.
 
* A hora de dormir também mudou. Agora, se tiver mesmo de ser, não se chora à noite, antes de adormecer. Agora canta-se, conversa-se, grita-se, chama-se pelo pais, chama-se pelo cão, atira-se a chucha para o espaço sideral, tenta-se uma fuga do berço. E por fim adormece-se virado do avesso e todo suado.

* E depois começam os pesadelos, os acordares nocturnos, os Mãããããããeeeee às quatro da manhã sem motivo aparente. A alvorada continua às oito.

* E desde a alvorada até o pôr-do-Sol, por vontade dele, só existe Panda ou o Jim Jam ou outra coisa qualquer, desde que seja na TV, em suporte desenho animado, com cantorias palermas em altos berros e muita cor e fantasia! Que bom...

* E os number two e number three? Pois, num bebé é muito fofinho e faz uns barulhinhos, e "que bem que o bebé faz cocó" e tal. Num miúdo mais crescido? É a coisa mais HORROROSA que te pode cair debaixo do nariz e perante a vista. É que é muito. E cheira muito mal. Venha a retrete ao nosso filho, seja feito lá o seu serviço!

* E o pior de tudo. É que ficamos desarmadas, porque depois de fazer tudo isto e muito mais, ele olha para nós, faz olhinhos doces, diz "...cupa", dá-te sem mais um abracinho e vai-se embora a rir todo contente e nós, ficamos no chão derretida por dentro, de cansaço e de fofura...

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1 comentário(s)

Helena27 de Junho, 2014 às 12:31:18
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Adorei!

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