A polémica da semana foi o lançamento e posterior retirada do mercado dos livros idiotas de actividades para menina e menino da Porto Editora. Não sei o que foi pior, se terem-nos feito, se terem lá posto aqueles exercícios, ou terem cedido à verdadeira censura de estado e retirado os livros. Neste assunto basicamente estou com o Dr. Mário Cordeiro, é um exagero à volta da poeira que cai de um dos muitos tijolos que formam a eterna questão da (des)igualdade de género que parece estar cada vez mais acirrada. Há outros tijolos que merecem muito mais atenção, como os troca-fraldas na casa-de-banho das mulheres, a licença de paternidade ou diferenças salariais.
É que, francamente, as raparigas mais burras que os rapazes? Really? Mas alguém sequer se dá ao trabalho de pôr essa questão?
Sejamos claros, rapazes e raparigas são igualmente inteligentes, disso não tenho dúvida. Eu sou mãe de rapazes e acho os meus muitíssimo inteligentes. Mas podem ter a certeza que, em idade escolar, as raparigas estão TENDENCIALMENTE em vantagem no potenciar da sua inteligência, e essa vantagem pode ser determinante no desenrolar da vida dos miúdos.
Por isso é que os exercícios dos livros de actividades, que aparentemente faziam das raparigas parvas, apenas me fizeram soltar uma gargalhada! Como mulher (que sabe como nós mulheres somos) e como mãe de rapazes, eu TEMO as raparigas em idade escolar, isso sim!
As raparigas são tendencialmente mais briosas, mais meticulosas, mais concentradas, mais calmas. Tudo vantagens brutais na hora de empinar a matéria escolar, sobretudo nos modelos escolares actuais. Por isso é que, por exemplo, as faculdades de medicina e outras clássicas estão cheias de mulheres, e de seguida os hospitais e tribunais. Quantas vezes numa sala de audiências o único homem é o arguido? Garanto-vos que muitas. Quantas vezes numa sala de urgências, o único homem é o acidentado? De certeza que muitas. Magistradas, advogadas, médicas, enfermeiras. Elas quiseram esses empregos tidos como estáveis, ali estão elas. E a seguir vão às engenharias e às informáticas, os homens não perdem pela demora e não lhes vale de nada dizer que as mulheres em engenharia têm bigodes, actualizem-se!
Sim, é claro que há diferenças entre rapazes e raparigas, e podem estar seguros de que os rapazes estão metidos num sarilho quando há igualdade de oportunidade e tratamento. Por isso mesmo é que foi criada e ainda existe a desigualdade de género, porque se estivermos sempre em pé de igualdade, as mulheres dão GRANDES abadas aos homens. Só mesmo calando-as e manietando-as é que é barrado o avanço das mulheres numa sociedade.
Se as mulheres não estão em lugares de topo, seja em empresas ou na política, por exemplo, apenas será por dois motivos: porque não lhes apetece ou porque ainda são barradas pelos homens. Porque se nós quisermos e se não nos barrarem a entrada à força, nós varremos tudo, dêem-nos uma ou duas gerações.
A desigualdade de oportunidades e direitos entre géneros existe por medo. Medo do que pode acontecer aos homens se as mulheres tomarem conta do pedaço. Por isso nem vale a pena estar a moer a cabeça à conta de um labirinto oligofrénico num livro de actividades para pré-escolares. Nenhuma menina perderia mais de meio minuto com ele.
Por outro lado...
Se eu fosse mãe de uma rapariga (e não estivesse a ver a vida com um filtro cor de rosa, nunca se sabe...), eu estaria profundamente FARTA de tanto rosa e laço e cupcake e princesas pirosas à minha volta. Enquanto mulher hoje e rapariga que cresceu loucamente maria rapaz nos saudosos 80', mete-me um ressequido ranço a pouca abertura que hoje em dia se dá às Marias Rapaz. Onde é que elas andam? Temos de ir procurar na secção dos rapazes uma roupa que não tenha glitters e rosa e laços? Temos de procurar na secção de brinquedos dos rapazes um carro (que as mulheres conduzem), um avião (que as mulheres pilotam), uma esquadra de polícias (onde as mulheres trabalham)? E para quê secções para tudo, o que foi feito do unisexo?
Não que isso faça grande diferença na prática, porque basta uma pessoa deslocar-se uns metros e encontrar o que procura. Mas não é para crianças, é para rapazes. E é preciso deslocar-se, já não surge naturalmente. A aventura, o físico, a natureza, o colorido, o todo-o-terreno, tudo isso que fazia a infância livre e natural está subliminarmente desviado das raparigas, e se elas não fizerem questão de ir por outro caminho, enterram-se em cupcakes, saias de tule e tiaras. E embrutecem em cor-de-rosa, ficam com cabeça de Barbies. Isso chateia-me à brava e por-me-ia em pontas se não estivesse confortavelmente sentada do lado dos rapazes.
Claro, isto tudo até chegar à altura da escola e elas se lembrarem de agarrar os livros numa mão e a tiara na outra e eu ter de pedalar muito com os meus rapazes para eles não perderem o andamento.
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