Piscina, mar, lagos, tanques, alguidares, baldes da esfregona, poças de água e até água das floreiras... Já pensou que são locais de possíveis afogamentos para as crianças?
É tempo de animação, de aproveitar o bom tempo. A água é para a maior parte das crianças um ambiente mágico... É, no entanto, importante conhecer os riscos associados aos ambientes aquáticos.
O risco torna-se tanto maior quanto mais pequena é a criança. As características inerentes ao seu desenvolvimento, associado à curiosidade incansável aumentam o perigo. Um bebé de 8 meses, que gatinha, não tem capacidade de se salvar de uma situação de afogamento numa simples poça de água.
Por outro lado, com o aumento da idade vem a vontade de arriscar...de sentir a aventura e aí acrescem comportamentos de risco. Ou seja...cuidado e vigilância nunca são demais.
Deixo-vos com alguns dados sobre este tema. Considerei que ver espelhado em números esta problemática permitiu me também a mim uma maior consciencialização, confrontando que de facto é um tema importante a abordar e divulgar, no sentido de mudar comportamentos.
Sabiam que o afogamento é responsável por meio milhão de mortos por ano, em todo o mundo, sendo a segunda causa de morte acidental nas crianças, ficando em primeiro lugar apenas os acidentes rodoviários? (de acordo com a APSIi). A maior incidência de mortes acontece nas crianças com 0 e 4 anos e em segundo lugar, as crianças de 10 a 14 anos.
Nos últimos 9 anos, estima-se que mais de 180 crianças e adolescentes até aos 18 anos morreram por afogamento. Por cada criança que morre, uma a duas crianças são internadas.
Relativamente aos locais de ambiente aquático nos quais ocorrem os afogamentos, verifica-se que “46,0% (n=74) dos afogamentos ocorreram em tanques, poços e piscinas; 47,8% (n=77) em praias, rios/ribeiras/lagoas).” Existem depois os afogamentos em outros locais como sejam: caixa de esgoto, tina de água, balde, bidão e fossa, correspondendo a 10 casos.
Dados publicados pela APSI revelam que todos os anos na Europa morrem 5.000 crianças, na sequência de um afogamento, sendo que em Portugal, entre 2002 e 2008, morreram 144 crianças e jovens. Nos últimos quatro anos, 35 crianças morreram e 129 foram internadas, sendo de referir que os meses de julho e agosto são os que se destacam na ocorrência destas tragédias.
A APSI tem feito um excelente trabalho na divulgação dos dados apresentados mas também, na elaboração de recomendações úteis para a prevenção de acidentes relacionados com os ambiente aquáticos. São exemplos disso as recomendações para colocação de vedações em piscinas, ou as recomendações para escolha de coletes salva vidas e braçadeiras. Ambos documentos que sugiro leitura.
Termino, deixando-vos algumas recomendações gerais a considerar para a prevenção de acidentes nas crianças em ambiente aquático:
Garantir a vigilância das crianças, sempre, e neste caso particular sempre que existir proximidade da água.
É importantes as crianças aprenderem a nadar, mas atenção que dominar técnicas de nado é diferente de adaptação ao meio líquido. De acordo com a Academia Americana de Pediatria as crianças com idade inferior a quatro anos não possuem desenvolvimento motor e maturidade que as ajude na promoção da segurança na água (sobrevivência se necessário). Todavia, não desvaloriza a importância da sensibilização para a segurança na água que se consegue com uma adaptação ao meio aquático, referindo um ano de idade como idade ideal para iniciar a prática. (definir uma idade específica é difícil havendo alguma controvérsia entre diversos autores). Será importante avaliar o desenvolvimento individual de cada criança e relembrar que uma criança nunca deve ficar sem vigilância.
Educar a criança a não estar sozinha na água, manter-se perto das margens e a conhecer e cumprir a sinalização existente.
Escolher praias e piscinas vigiadas.
Utilizar auxiliares de flutuação adequados e bem colocados, que em caso algum substituem a vigilância de um adulto.
Lembrar que as boias e colchões insufláveis são brinquedos e não são equipamentos de proteção, podendo tornar-se perigosos.
Colocação de uma barreira física que condicione o acesso da criança à água. (vedações nas piscina, tampas no poços...)
Por segurança, despeje baldes e alguidares que contenham água, assim como pequenas piscinas deixando-os guardados ou em posição invertida.
Nesta situação, e em muitas outras, é importante, que os educadores no geral dominem as técnicas de reanimação.
Estavam alerta para estes números? É um tema que vos faz pensar? Deixem as vossas impressões!
Enfermeira Especialista Ângela Baptista ; b_a_badobebe@hotmail.com
Fontes principais:
- Recomendações e Relatórios APSI
- JORGENSEN, Robyn. Natação na primeira infância. Agregando Valor a Jovens Australianos. Relatório Final. Agosto 2013. Este relatório foi publicado pelo Instituto Griffith de Pesquisa Educacional Campus Mt Gravatt, Universidade de Griffith. Tradução para o português: Daniela Seabra
- http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/early/2010/05/24/peds.2010-1264.full.pdf
A Enfermeira Especialista Ângela Baptista
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