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Mãe Bio-Lógica | Babywearing: Carrega-me de amor juntinho a ti!

Por Linda Barreiro

Apesar de cada vez mais difundido, para muita gente o conceito de babywearing ainda é algo novo ou desconhecido. Remontando a tempos e civilizações antigas, o babywearing é uma técnica ancestral de carregar bebés. Basta pensarmos nas culturas africanas ou asiáticas para rapidamente constatarmos que os bebés andam “amarrados” às mães praticamente desde que nascem. E não é por acaso que isto acontece: um dos motivos - e acredito que o principal - é para as mães estarem com as mãos livres para continuarem a trabalhar e o outro é para o terem sempre juntinho a si.

Já passei por alguns países africanos e uma das imagens que tenho na cabeça é a das mulheres a arrastarem a rede de pesca na praia (e a fazer imensa força) sempre com os bebés às costas. E eles lá estão: sossegadinhos, quietinhos, aconchegadinhos, sem chorar e sem chuchar numa chupeta! Quando penso um pouco nisto e comparo com a imagem do bebé europeu percebo que também o uso do carrinho e da chupeta acabam por ser hábitos culturais criados no e pelo Ocidente.

Mas então em que consiste o babywearing?

Babywearing é uma forma de transportar os nossos bebés sempre junto a nós - pais e mães - recorrendo ao uso de panos, slings ou mochilas ergonómicas. O babywearing é nada mais nada menos do que, como li aqui há tempos e muito bem: transportar o amor, um amor tão grande - e que cresce tanto - que já não cabe mais dentro de nós, do nosso ventre, mas que continuamos a querer colado a nós cá fora.

Com a ocidentalização do conceito e com o passar dos tempos surgem também novas formas e fórmulas (e marcas) de praticar babywearing. Os sistemas são diferentes e cada pessoa terá o seu favorito. Para saber qual é o que mais se adapta a nós é preciso experimentar cada um deles, de preferência com um bebé, e depois optar por comprar o modelo com o qual nos sentimos melhor.

Nós somos fiéis adeptos do babywearing desde o nascimento. Acho que experimentámos - quase - todos os sistemas possíveis e fomos usando métodos diferentes em cada fase. Tivemos um pano emprestado - muito bom por sinal - e logo ao início era o meu marido que o carregava no pano. Eu estava um bocado “afanada” das costas e custava-me carregar o bebé e ele também queria ter a sensação de estar grávido! Adorava carregar o menino ao peito e o bebé também correspondia. Cada vez que o colocávamos no pano adormecia como um anjinho, estivéssemos onde estivéssemos e por mais barulho que houvesse. Nesta fase eu preferia usar um pouch sling feito por mim com uma capolana africana. Ele ficava deitado na posição fetal e normalmente dormia também, era muito pequenininho. À medida que começou a ficar um pouco maior o pouch sling deixou de funcionar. Foi nesta altura que me emprestaram outro pouch sling de uma marca conhecida e eu rapidamente percebi a importância dos tecidos de confeção dos slings para o total conforto das nossas costas. A capolana não tinha elasticidade suficiente nem a trama necessária e o peso do bebé fazia-se sentir demasiado de um dos lados das costas provocando desconforto, tudo o que não é suposto acontecer num sling.

Entretanto comprei uma Manduca, tinha ele já 3 meses e esse foi quase sempre o meu método favorito pois as mochilas possuem uma faixa fortalecida na zona da cintura e dos ombros e distribuem o peso do bebé de igual forma no nosso corpo e as costas não doem mesmo nada.

Depois ainda tive, e tenho, um ring sling ou sling de argolas que acabou por se revelar no meu sling favorito. É muito prático de transportar e não ocupa espaço nenhum em qualquer mala e nós andávamos - e andamos - sempre a viajar.

Claro que com o crescimento do bebé a Manduca foi, e continua a ser, o nosso principal aliado, aguenta até aos 20kg, o que significa que ainda o vamos poder carregar por muito tempo.

Quanto ao carrinho de bebé tivemos um emprestado, mas era raro sair com ele no carrinho. Primeiro porque ele não gostava mesmo nada e depois porque na altura vivíamos na baixa de Lisboa, onde os passeios nem sequer têm largura suficiente para dois pés quanto mais para as rodas de um carrinho. Era um stress de cada vez que eu tentava sair com ele de casa, felizmente foram muito poucas vezes. A única altura em que sentimos a necessidade do carrinho foi depois mais tarde, para ele poder dormir as sestas quando saíamos e para nós estarmos tranquilos. Nessa altura, tinha ele já 1 ano quase, devolvi o carrinho ao dono e comprei um carro-bengala mega barato daqueles que reclinam as costas para o miúdo poder dormir à vontade.

Bem, devo dizer que o nosso filho tinha um peso-pluma e isso sempre facilitou muito a tarefa de o carregar junto a nós, mas ainda hoje eu o carrego (ele tem 12,5kg e eu sou a lingrinhas que se vê). É uma questão de hábito claro mas é também devido ao uso de porta-bebés pois os porta-bebés ergonómicos ajudam a fortalecer tanto o nosso core - zona abdominal - como a nossa zona lombar. Por outro lado quando bem utilizados também ajudam na reeducação postural, pois todos os movimentos que fazemos são menos bruscos e mais controlados, nomeadamente quando nos baixamos, temos de o fazer dobrando corretamente os joelhos e não atirando as costas para o chão.

Entre muitas vantagens do babywearing contam-se a praticidade, a facilidade de transporte, a economia (face a um carrinho), a liberdade de movimentos, e a oportunidade de passar mais tempo junto do bebé, falando com ele, estimulando a linguagem e olhando para ele, lendo o seu olhar, expressões e sinais. Sob um ponto de vista mais técnico os porta-bebés podem ajudar a prevenir e a corrigir displasia da anca e plagiocefalia (deformação craniana), do mesmo modo que atuam de forma positiva em crianças que sofram de refluxo gástrico por causa da posição.

Vou agora falar de cada um dos sistemas e dos pontos positivos e negativos de acordo com a minha experiência. Uma vez mais reitero que para cada pessoa há um ou mais sistemas de eleição por isso acho também que é uma escolha muito pessoal.

Leva-me Contigo é uma loja especializada em babywearing e possui um serviço gratuito de consultoria certificada. Lá é possível, para além de conhecer e experimentar cada um dos sistemas, alugar panos, slings ou mochilas para perceber que método é o mais adequado para comprar. Farto-me de a recomendar pois o atendimento é de excelência e, uma vez que os porta-bebés não são extremamente baratos, convém mesmo fazer a escolha acertada.

Segundo sei quase todos os sistemas permitem ser usados com bebés logo após o nascimento, julgo que as mochilas têm um peso mínimo que varia de acordo com o redutor de cada marca (entre os 3,2kg e os 3,5kg) mas de qualquer modo mesmo que o bebé tenha menos peso é uma questão de dias até atingir este valor de base.

Pouch Sling – É um sistema confortável para usar desde o nascimento e mais na posição bebé deitado. É no entanto necessário ter especial atenção a esta posição para que não haja obstrução das vias respiratórias do bebé. Para isso é importante que o seu queixo não esteja apoiado no peito - tentando ter pelo menos 2 dedos a separar o queixo do peito - para evitar asfixia. Com o miúdo a crescer, e ele sempre foi mais para o pequenito, não me ajeitava a colocá-lo na posição sentada, nem tão pouco me sentia confortável, contudo quando bem colocado este sling distribui bem o peso nas costas. A principal desvantagem do pouch sling, na minha opinião, é a de ser à medida, ou seja não é versátil para pai e mãe usarem. No entanto é um sistema prático de colocar e tirar em qualquer sítio ou ocasião. 

Ring Sling – Era um sistema que me parecia pouco seguro de início mas acabou por se revelar no meu sling favorito. Dá para ajustar ao nosso corpo depois do bebé colocado, para que fique literalmente coladinho a nós. Dá para o colocar na posição sentado de frente para nós, que é uma das minhas favoritas, e é perfeito para amamentar, basta colocar o bebé na posição certa e puxar um pouco a aba do sling e ninguém vê nada. Ficamos lá só os dois! O ring sling também é prático de colocar e retirar tal como o pouch sling, bom de transportar em malas e dá para pai e mãe usarem sem distinção.

Pano – É o sistema mais quente porque o bebé fica mesmo embrulhadinho connosco. Quando usamos pano não precisamos de agasalhar muito o bebé, nem a nós, a menos que seja Janeiro e esteja um frio de rachar lá fora! Distribui o peso de forma uniforme e aconchega muito bem o bebé. Acho que é um dos melhores sistemas para recém-nascidos pois eles devem-se sentir tão aconchegados quanto se sentiam no ventre da mãe. A principal desvantagem, para mim, é a colocação do pano, mas porque nunca tive muita prática, pois o meu marido e as minhas amigas que usam panos colocam-no num ápice. Todavia é sempre mais volumoso do que qualquer um dos anteriores, ocupando mais espaço numa bagagem. Por outro lado o pano também tem a versatilidade de se desdobrar numa espécie de cobertor onde é possível envolver o bebé ou colocá-lo no chão por exemplo. Existem imensos tecidos de panos sendo que os que são mais elásticos são os mais fáceis de manusear para quem não tenha muita prática mas o ideal é serem semi-elásticos de forma a que o tecido não descaia com o aumento do peso do bebé. 

Mei tai – Este é na realidade o único porta-bebés que nós não temos, mas uma vez cheguei a experimentar o de uma amiga. O Mei Tai é um porta-bebés de origem asiática composto por tiras nos braços e na cintura e cujo ajuste é feito através de nós. É uma mistura de pano - devido aos nós - com mochila, pois possui uma bolsa estruturada onde encaixa o bebé. O que eu achei do Mei Tai que experimentei foi que se sentia muito o peso do bebé. Também podia ser que o pano não fosse o mais adequado pois era de confeção caseira, mas estou certa que este método é também muito prático, leve, fácil de colocar e de transportar e ajustável a ambos os pais.

Mochilas ergonómicas – Se tivesse de recomendar um e um só sistema seriam as mochilas. Apesar de serem bastante mais caras que os slings e os panos são muito versáteis. Vejamos: dão para ambos usarem e ajustam-se facilmente a cada um através de cintos reguláveis. Servem desde o nascimento - pois têm redutores para recém-nascidos - até um determinado tempo, que normalmente ronda os 3 anos ou mais, dependendo do peso de cada bebé. Distribuem o peso de forma equivalente e dão um excelente apoio/suporte nas zona da cintura e lombar assim como nos ombros e são almofadados e muito confortáveis. Nós comprámos uma Manduca, mas pelo que sei tanto a Boba como a Ergobaby - a par com a Manduca as marcas mais populares - são equivalentes em termos de qualidade, funcionalidades e até mesmo de preço por isso acaba por apenas uma questão de marca.

Na galeria podem ver diversas fotos de cada um dos sistemas.

Espero que tenha ajudado, partilhem connosco as vossas experiências!

 

Clique na Imagem para ver a Galeria

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1 comentário(s)

Isabel23 de Março, 2017 às 11:11:19
Responder

Eu usei mochila e é uma delicia. Comprei em bebeshka.pt. Loja online muito simples e intuitiva, envio super rápido. Recomendo!

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