Quando escrevi este artigo, houve quem me dissesse que eu devia pensar nos meus filhos, no que troquei pela minha barriga, que o meu corpo não interessa nada em comparação com os meus filhos.

Eu diria que são duas grandezas incomparáveis. Eu não posso por num prato da balança os meus filhos e no outro o meu corpo.

Porque não têm rigorosamente nada a ver uns com o outro.

Os meus filhos, quando nasceram, eram (cada um à sua vez!!) duas bolinhas bem enroladinhas de 3kg, no meio de quase 20kg que ganhei em cada gravidez! Não me parece que fossem responsáveis pelo meu excesso de peso ou pela minha flacidez. Quando muito poderia culpar a gravidez, foi ela a causa das mudanças fenomenais no meu corpo. Mas na verdade também não posso culpar as gravidezes, porque lá está, foram fenomenais. O meu corpo produziu maravilhosos milagres de gravidezes e bebés, não poderiam ser culpados de nada. Porque não fizeram nada de errado, pelo contrário. O meu corpo produziu dois bebés perfeitos e duas gravidezes absolutamente normais e sem qualquer complicação, da concepção, ao parto. Tudo perfeito.

Fui eu quem encheu o meu corpo de quilos. Fui eu que os comi, um por um, que não os ginastiquei, que os alapei no sofá.

E agora ele está diferente do que era. Porque há inevitabilidades da passagem do tempo + gravidez, sem dúvida, e há mudanças inevitáveis, mas sobretudo do que eu lhe faço. O corpo humano é uma máquina maravihosa, porque faz coisas maravilhosas e porque responde muito bem ao que lhe fazemos. Se nós o tratarmos bem, ele será ainda mais espetacular, se o tratarmos mal, ele cumprirá os mínimos. 

Fui eu que o pus assim, cabe a mim remediar. E ele responde, ele responde!

Agora, escusam de tentar trazer os meus filhos ao barulho. Eles já sairam do meu corpo uma vez, para não mais voltar. O lugar deles é no mundo e na minha alma, no meu coração. Não na minha barriga.

Foto: dreamaker