Nunca mais me esqueço a primeira vez que levei o meu filho ao Pediatra. Na altura ele tinha quase 2 meses e só tinha aumentado 500g desde o nascimento. Ui, ui, ui...
O miúdo encontrava-se < P3 conforme nota tomada pelo Sr. Doutor na caderneta. A recomendação imediata foi: dar de mamar com mais frequência, não o deixar fazer intervalos maiores do que 5h durante a noite (nunca o acordei para mamar, mas também não era costume ele fazer intervalos muito maiores que estes) e pesá-lo de 3 em 3 dias durante as duas semanas seguintes, à mesma hora, na mesma balança. E foi logo aqui que começaram a surgir as primeiras dificuldades: nesse dia íamos de férias para Espanha, as nossas primeiras a três, e íamos andar a saltitar de sítio para sítio. Ora, encontrar uma Farmácia para o pesar num dia e depois passados 3 dias era uma tarefa impossível.
Sabíamos que não queríamos ser escravos das pesagens, conhecíamos episódios anteriores semelhantes de pessoas próximas e tínhamos estipulado isso a priori. Sabíamos que o leite materno era o melhor para o bebé, disso não restavam duvidas. Sabíamos que o miúdo estava bem, ambos o sentíamos. Sabíamos que mamava bem, que se mostrava satisfeito após mamar, que enchia fraldas de xixi e cocó com fartura e que obedecia a todos os restantes requisitos para estar a fazer uma correta ingestão de leite. Então por que raio tinha aumentado tão pouco de peso?
E inevitavelmente a angústia tomava conta de mim e as dúvidas surgiam intermitentemente na minha cabeça: “Será que o bebé está mesmo a receber leite? Será que tenho leite suficiente? Será que estou a fazer tudo bem?” Enfim todo um conjunto de questões que assaltam a cabeça de quem acabou de ser Mãe e todas as inseguranças normais deste posto recém-adquirido. Valeu-me sempre o apoio incondicional do meu marido, assim como da Parteira e da Consultora de Lactação com quem tinha feito a preparação para o parto.
Não cumprimos escrupulosamente o esquema que o Pediatra traçara para as pesagens, fizemos a coisa de forma mais espaçada e à medida das nossas possibilidades, sem obedecer de todo a regras de horário e de balança.
Durante as férias o miúdo pouco mais fez do que mamar e nós também pouco fizemos uma vez que a ideia era apenas relaxar a três. E quanto a isso cumprimos todos com a nossa parte. Quanto a Ronda ficou a promessa de lá voltar um dia para a mostrar ao pequenito e descobrir tudo o que ficou por ver.
No final daqueles dias levámos o miúdo à balança. No caminho para a Farmácia eu levava também a minha ansiedade, estava sempre expectante. Por muito que uma pessoa se tenha informado ou lido sobre o assunto, numa altura destas tudo cai por terra, não adianta!
Chegados à Farmácia aí sim começou o massacre para o bebé: despi-lo em pleno inverno, com um frio de rachar, pô-lo na balança, segurá-lo para o manter quietinho... Enfim... Pobre bebé, não há direito. No fim desses 4 dias o miúdo engordava 120g (acho que nunca tinha engordado, nem nunca mais engordou, tanto em tão pouco tempo), eu ligava ao pediatra a dar conta do sucedido, ele felicitava-me pelo excelente trabalho e tudo voltava à normalidade. A partir daí eu e o Pai acordámos que faríamos apenas pesagens mensais conforme tínhamos inicialmente pensado.
Em conversas com amigas e nas reuniões da Liga La Leche em que participava fui encontrando histórias muito parecidas com a minha e isso fez-me sentir melhor e deu-me ainda mais segurança. Esta parte da partilha e da identificação com pessoas que estão, ou estiveram, na mesma situação que nós é mesmo muito importante, senão fundamental, para quem acabou de ser Mãe.
Nas consultas seguintes de Pediatria o miúdo continuava com o peso abaixo do normal, ou seja, engordava (mas sempre o mínimo dos mínimos) e nem sequer apresentava qualquer consistência na sua curva de crescimento. Do < P3 passou para o P0 e depois novamente para o P3 e assim foi até ao ano. O Pediatra sempre respeitou a minha vontade de continuar a amamentar, em exclusivo até aos 6 meses, e nunca sugeriu a introdução de nenhum método alternativo ou complementar de aleitamento. Eu sentia que bebé estava bem, estava esperto, comunicava, era atento e astuto e isso para mim era mais importante que qualquer número na balança!
Eu também em criança sempre levei com toda a gente a dizer que era muito magra e sempre comi-como-se-não-houvesse-amanhã! Muitas eram as vezes que ía com minha mãe na rua e ouvia: “Ai ela é tão magra... Ela come bem? Alimenta-se?“ Ao que a minha mãe coitada respondia sempre da mesma maneira: “Sim ela come muito bem.” Depois ainda retorquiam: “Pois mas vocês também são todos magros... Ela não tem a quem sair gorda! E ela é muito alta, deve ser por isso!”... Que tristeza como se uma coisa tivesse de ser compensada com a outra. Naquele tempo ainda era a gordura que era sinónimo de formusura. Isto tudo para dizer que somos todos diferentes uns dos outros e que o mesmo se passa também com os bebés. Cada um é como cada qual.
Na consulta dos 9 meses quando o Pediatra viu o meu filho em pé na sala de consultas, agarrado às coisas de um lado para o outro, ficou espantado. Após pesá-lo e verificar que, mesmo depois do miúdo comer de tudo (e mamar, claro), continuava a engordar umas parcas gramas proferiu: “Eu vou deixar de me preocupar com o peso deste rapaz, ele está super desenvolvido para a idade, ele está óptimo!”
Lições a tirar que gostava de transmitr a qualquer Mãe que tenha ou que esteja a passar pelo mesmo:
- “Nãããão!!!!” Dahhhhhhhh.....
Alguns contatos úteis para ajuda especializada no apoio a amamentação:
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