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O Pai Anónimo | Quando o Rei faz Anos

Por Pai Anónimo

Há coisas na vida verdadeiramente importantes. Tão importantes, que vale a pena reflectirmos regularmente sobre elas. Uma dessas coisas é a cena dos aniversários dos putos, já falada, mas não o suficiente. Digo eu.

Para começar, vamos cá a uns pontos prévios básicos. Os putos, tal como os pais, diga-se, fazem anos todos os anos. Desde que nascem. Outro ponto básico: quando é o nosso aniversário, nós, os pais, às vezes juntamos algumas pessoas em casa, amigos e família próxima; outras vezes organizamos um jantar, ou decidimos fazer alguma coisa de diferente, que quebre a rotina do dia, porque é, afinal, o nosso aniversário. E por vezes não fazemos nada.

Até aqui, arrisco dizer, tudo bem.

Agora passemos para os putos. Imaginemos, por momentos, a turminha de um puto de 4 anos em vossa casa. Ou parte dela. Não precisam de ser mais de meia-dúzia, vá. Saltem aquela parte inicial mais envergonhadeca  - quando há – dos putos. Puxem uma hora à frente. Estouvados, esgadanhados, em correria, a espezinhar o tapete da sala, a partir os bibelôs do móvel do hall. O pequeno Lourenço a torturar o gato. A Carminho a limpar as mãos aos cortinados. Puxem até ao fim da tarde. A dor de cabeça de ouvir putos a berrar, de tentar garantir que todos são devolvidos inteiros aos paizinhos, e sem uma galheta na tromba. Voilà, a experiência de uma festinha de anos em vossa casa.

Um laivo de bom senso e algum engenho deu origem a uma solução, paradoxalmente, bizarra: aqueles sítios que organizam festas de aniversário para putos. Um gajo recebe o convite, que indica sempre horas precisas para começar e acabar, leva lá o puto, e pronto. Fala-se com alguém atrás de um balcão, deixa-se o nome e contacto, e depois vai-se buscar. Só falta receber-se um canhoto do recibo de entrega. ‘Tá feito, assunto arrumado até ao ano que vem. Conhecer alguém da família do puto que faz anos? Saber quem é o puto que faz anos? Pff, anacrónico. Bem-vindo ao mundo moderno.

Vamos cá ver. Sendo o acto de organizar uma festa de aniversário para putos em casa um autêntico harakiri doméstico, a não ser que os paizinhos tenham um picadeiro ou um quintal murado de 2 hectares, a coisa fica fora de questão. Mas isso não pode justificar opções deprimentes.

A solução? Simples. Não se faz a sacana da festa – pelo menos com os coleguinhas da turma – até os putos, pelo menos, chegarem com os pés ao chão quando sentados na retrete. Ah, mas coitados, eles sentem a falta… O meu Sancho passa a vida a falar nisso… A Madalena sonha com a festinha dela… É um dia tão importante para a Caetana… Voltamos a um dos slogans desta página, que nunca é demais: são putos! Arranjem um sacana de um bolo, com velas, ponham um número mínimo de pessoas à volta da mesa e desliguem a luzes quando for para cantar os parabéns e já está. Terminam com a(s) prendinha(s) e pronto, está feito. Volto a dizer: são putos! (suspiro).

Querem fazer uma cena em grande, ou mais complicada? Façam, por favor. Mas calcem as galochas e digam que é porque decidiram, e não porque tem de ser. E não é obrigatório picar o ponto. Mesmo.

Uma sugestão? Guardem a energia para quando a coisa for a doer. O jantar no restaurante manhoso regado com vinho a martelo. O estado em que o vosso aniversariante pode chegar a casa. O asneiredo a que puto estúpido adolescente acha que já tem acesso. Poupem-se, vá. 

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