A minha questão é como lidar com os medos, como transmitir segurança? A minha Maria está-me a dar noites muito más já a algum tempo, nao quer ficar sozinha no quarto. Tem bonecos na cama com ela, dorme com a luz do candeeiro acesa e a porta do quarto aberta ( o meu quarto é mesmo ao lado e tb fica com a porta aberta). Mesmo assim chama por mim 2 a 3 vezes por noite, pede para ficar sentada ao lado da cama, tudo porque tem medo do lobo mau, dos fantasmas, dos barulhos, dos monstros... Sei que é uma fase propria da idade, mas ando de rastos, ja dura há meses. Falo com ela dos medos, tento descomplicar, dar a mao, colo, explicar que o lobo mau e os monstros ou fantasmas nao podem entrar em nossa casa porque nao tem a chave, explico a origem dos barulhos... Preciso de optimizar o descanso dela e meu à noite, mas não estou a encontrar a solução.
Imagino que esteja num estado de cansaço enorme e já não saiba mais o que fazer.
Percebi que esgotou todas as explicações e todas as estratégias. E se a mãe está cansada, a criança também deve estar porque também não deverá dormir o suficiente…
Aquilo que lhe peço, nesta fase, é um pouco mais de
Paciência
Foco
Concentração
Pronta? Então vamos lá!
Por muito que a diga à sua filha que o lobo mau não tem como entrar em casa, que aquele barulho são as tubagens ou o vizinho de cima que trabalha até tarde a chegar, a sua filha parece que não desarma. Arranja mais argumentos e parece insistir em não escutá-la.
Mas, na verdade, quem não está a escutar em condições é a mãe. A filha está a dizer-lhe que tem medo, não está? E ter medo dá medo, não dá?
E como é que é quando temos medo? O nosso coração dispara! E, no escuro, os nossos olhos, mesmo cheios de sono, parece que se abrem ainda mais para descobrir se há alguém escondido. E mesmo confirmando que não há nada debaixo da cama, a verdade é que o lobo mau se pode ter escondido, muito rapidamente, atrás da porta ou dentro do armário.
Então escute-a. Diga-lhe que dá medo ter medo. Diga-lhe, caso seja verdade, que conhece bem o que ela sente porque, quando era pequena também chegou a ter noites em que ficava acordada… com medo! E que aprendeu a adormecer e a sossegar o coração [toque-lhe no coração], a respirar fundo [ensine-a a respirar fundo] e a adormecer.
Paciência porque não dirá isto uma vez. Dirá algumas.
E depois use aquela técnica que, certamente, a sua mãe usou consigo, quando percebe que é isso que a situação está a pedir:
‘E agora nem mais um pio! Agora é para dormir’.
Quando diz isto na altura certa, com toda essa certeza, ela percebe que não há lugar para mais nada a não ser o ‘dormir’.
Finalmente, tem de trabalhar a retaguarda – sem ela não consegue o resto.
Faça o dia do filho único, façam actividades juntas, mime! Dê mimo, atenção [muita]. Acima de tudo façam coisas juntas. A casa vai ficar suja, a mãe exausta mas garanto-lhe que em muito mas mesmo muito pouco tempo a questão fica resolvida.
Em resumo:
Trabalhe a retaguarda e o dia – as questões do sono resolvem-se quase todas durante o dia – e depois escute-a!
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Magda Dias escreve no blogue Mum’s the boss. Conheça aqui os workshops e como marcar sessões de Coaching e Aconselhamento Parental
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4 comentário(s)
A minha M. 3 anos também andava numa fase igual, acordava para aí umas 5 vezes por noite. Mas contrariamente ao referido, não fala em medos, simplesmente fazia e faz isto para ir dormir na cama dos pais. O facto é que o cansaço era tal, e erradamente, cedi... Agora, até começa por adormecer na cama dela, mas vem sempre parar à nossa cama. Confesso que não sei como vou conseguir ultrapassar está fase,para já é aguentar em prol do descanso mínimo dos pais e da filha..
Olá! Não costumo escrever em blogues mas fiquei a pensar nesta questão. Primeiro porque compreendo o cansaço das mães (e pais) em situações como estas e, depois, porque não sei bem se concordo com os conselhos aqui dados. Não os quero questionar ou rejeitar. Apenas partilhar o que sinto em relação ao assunto. Por exemplo, noto que muitas mães se sentem mal por dizer que os filhos dormem com elas uma parte da noite. Ora, a mim, isto parece-me perfeitamente natural e penso que não devia ser vivido com culpa. Eu fiz o mesmo quando era pequena e ainda me lembro do conforto e descanso que era chegar à cama dos meus pais quando acordava com um pesadelo ou não conseguia dormir com os medos. Hoje, deixo o meu filho vir para a minha cama durante a noite e não encontro nenhum problema nisso. Somos mãe e filho. Eu sou uma adulta, ele é uma criança. Isto traz-me ao segundo ponto. Às vezes, se não quase sempre, a comunicação entre uma mãe e um filho não é verbal, não passa por palavras, nem pode. Voltando à minha infância, lembro-me de haver poucas coisas que me fizessem sentir mais segura do que ver a minha mãe dormir e senti-la respirar enquanto me abraçava. Voltando agora ao assunto, penso que é excelente explicar à criança a origem dos medos e a origem dos sons ou imagens que a assustam. Também me parece bem que a dada altura, mas serenamente, se diga simplesmente que é hora de dormir, desde que se transmita à criança a ideia de que ela conseguirá fazê-lo (dizendo-lhe, por exemplo, que adormece num instante se fechar os olhos e pensar em coisas boas, ou sugerindo-lhe que imagine as coisas boas que vai fazer amanhã). Fiz isso tudo com o meu filho. Mas não creio que chegue. Se calhar, nestas fases, é mesmo importante o contacto físico. Todos dormirão melhor se, a meio da noite, não for sequer preciso falar. Basta levantar os lençóis e abraçar. Perde-se um minuto de sono e acorda-se muito mais bem-disposto e sem criar à criança ou aos pais qualquer sentimento de culpa. Por experiência própria, quer enquanto mãe quer enquanto filha, posso garantir que a fase passa e a criança não dormirá na cama dos pais para sempre!
Gostei bastante. Infelizmente nem sempre se vai lá com palavras bonitas mas também não temos que ser brutas para os fazer perceber porque acima de tudo "dá medo ter medo" e eles não têm culpa, ninguém tem culpa... Sorrisos, Alexandra :) The Sweetest Life
Como vós também eu vivo essa pequena (grande) tortura...andamos exaustas :( já utilizei todas essas técnicas foram resultando mas por pouco tempo :( Recentemente "tropecei" no livro mágico ;) O COELHO QUE QUERIA ADORMECER de Carl-Johan Forssén Ehrlin - editora lua de papel (por acaso encontrei-o no continente na secção de auto ajuda) Tem ajudado bastante. Através de uma narrativa em que a criança é chamada a entrar, vão sendo lançadas mensagens subliminares que vão operando no inconsciente da criança e a relaxa :) Felicidades
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